E de repente, surge no meio da avenida Paulista um enorme trio elétrico vermelho, onde cerca de 40 gays agitavam bandeiras do arco-íris. Na frente do trio, uma foto do rosto belíssimo da rainha do Rainbow Fest de 2005, a travesti Julia Branco, envolvida em plumas de pavão sob o título "Gay de Minas" e a marca do MGM. Éramos um dos mais de 20 trios elétricos que se alinhavam para a 9ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.
Nosso orgulho era múltiplo: estávamos ajudando a construir a maior parada gay do mundo, trazíamos o MGM para o evento de forma magistral, com seus militantes, um caráter político vigoroso e uma alegria de dar gosto. Além disso, divulgávamos o nome de Juiz de Fora para todo o país, como a primeira cidade mineira a reconhecer os nossos direitos, através de uma lei que nos protegia e um movimento gay forte e vitorioso.
E os paulistas reconheciam isso. Ao ler as faixas e perceber que aquele era um trio elétrico dos gays de Minas Gerais, a população aplaudia e acenava positivamente. Os bombados-sem-camisa do chão se encantavam com os rapazes mineiros em cima do trio e com o som contagiante dos dois DJs juiz-foranos e seu repertório perfeito para aquele momento: Coldhans e o estreante Jeff Valle, hoje um dos mais requisitados DJs da cena gay nacional.
E a fórmula deu certo. O mix de militância, beleza, simpatia e música de qualidade arrastou e manteve no entorno do trio "Gay de Minas" uma multidão de seguidores desejosos de conhecer o sucesso do Rainbow Fest. Grande parte dessas "barbies" ajudaria a construir uma relação de fidelidade entre os gays musculosos e o evento mineiro, famoso pela beleza de seus rapazes.
Enquanto desfilávamos, o diretor do MGM, Michel Brucce, com seu olhar criterioso, encarregava-se de "selecionar" os convidados a subirem no gigantesco carro de som. Os rapazes sarados e a força de nossa mensagem atraíam a atenção de jornalistas curiosos por conhecer os gays de Minas que se organizaram para estar ali.
A cena se repetiu por alguns anos, e a participação do trio "Gay de Minas" nas paradas de outras cidades, como Rio, Belo Horizonte e São Paulo, ajudou a construir uma imagem positiva dos gays mineiros: uma turma alegre, cheia de garra e competência para conduzir uma luta que nos garanta direitos e respeito.
Camisinha sempre!