Toda eleição é a mesma coisa: animados e desmemoriados LGBTs se
candidatam na esperança de que a comunidade homossexual se una em torno de seus
nomes e os elejam. Faz sentido. Afinal, as estatísticas confirmam que somos
muitos, representamos uma camada significativa da população e, apesar disso,
continuamos desprovidos de direitos básicos.
São esses abnegados
militantes que se lançam acreditando no apoio efetivo de seus partidos através
do investimento em propaganda, tempo na TV e todas essas despesas sem as quais
ninguém se elege. No final, o que se vê é a troca do brilho de esperança no
olhar pelo das lágrimas. Derrotados buscando justificativas no erro dos outros,
sem conseguir admitir que o recorte da orientação sexual não seduz os
eleitores, nem mesmo os homossexuais.
Ano após ano, os resultados
permanecem aquém do esperado. Atônitos, nossos candidatos percebem que o
caminho da militância política partidária, o único possível para um avanço na
conquista de poder, ainda esconde, sob o manto da falsa simpatia e do
acolhimento interesseiro, uma carga de homofobia que represa o avanço de nossas
conquistas.
Já tivemos muitos candidatos
homossexuais eleitos. Nenhum deles, entretanto, a partir de uma mobilização da
comunidade LGBT. O falecido deputado Clodovil Hernandes, por exemplo, não foi
eleito pela comunidade gay. Ao contrário, se posicionou contra algumas de
nossas mais fundamentais bandeiras e chegou a ser vaiado por ativistas no Congresso.
Por todo o país, os raros
LGBTs campeões de votos se confundem com os "Tiriricas": candidatos
eleitos pelo voto da chacota e do desrespeito. Foi assim com a dançarina
travesti Léo Kret, em Salvador, ou o vereador Galo Véio, mineiro de Formiga,
ambos vitoriosos entre risos, gozações e menos valia. Vereadores tão
significativos quanto os históricos rinoceronte Cacareco, na década de 50, ou o
chimpanzé Macaco Tião, terceiro colocado na eleição para prefeito do Rio, em
1988.
Nessa triste eleição de
2010, apesar de termos sido ignorados nos arranjos políticos e de vermos nossas
bandeiras desconsideradas por candidatos que se ajoelharam aos pés da cruz,
juraram devoção a livros sagrados ou bateram palmas nos terreiros de candomblé
em troca de votos, o Brasil conseguiu contabilizar uma importante vitória: o
jornalista Jean Wyllis se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro. Alçado à
popularidade pela sua participação no "Big Brother", Jean é um dos
mais brilhantes defensores de nossas bandeiras e com certeza representa, hoje,
uma esperança efetiva para os LGBTs brasileiros.
Camisinha sempre!
Querido! Maravilhoso o seu artigo! Perfeito! Posso reproduzi-lo no meu Blog?! É http://gasparinif.blogspot.com. Meu email é fernandogasparini@yahoo.com.br. Abração!
ResponderExcluirParabéns, Oswaldo! Você sumiu de JF... Logo agora que eu comecei a frequentar o MGM, você parece que não está na cidade. Retorna? Quando? Uma dúvida: sabe o que é preciso para postar um artigo no site do MGM? Grande abraço!
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