sábado, 11 de dezembro de 2010

Trans - 11/12/2010



Recentemente, o Prof. Luiz Mott, antropólogo fundador do Grupo Gay da Bahia e pedra fundamental do movimento gay brasileiro, divulgou sua iniciativa de fazer um levantamento das travestis e transexuais brasileiras que de alguma forma se destacaram no cenário nacional. Começou pela academia, relacionando as bacharéis, mestres e doutoras que conseguiram vencer a barreira dos muros universitários e hoje compartilham espaços profissionais qualificados com suas colegas heterossexuais, numa relação de igualdade rara para as pessoas trans, ainda vítimas de enorme preconceito.

Entre elas, para citar algumas, Jaqueline Cortes, Maitê Schneider e a saudosa advogada cearense Janaina Dutra, uma das nossas grandes perdas em decorrência da Aids. Seguramente, outras dezenas ficaram de fora da lista, o que não tira o mérito da iniciativa e nem fecha a possibilidade de sua atualização constante.

Foi a partir daí que me lembrei daquelas travestis e transexuais que fazem parte do meu círculo de amigas e com as quais aprendi um pouco sobre os conflitos de gênero que enfrentam e as soluções que encontraram para conseguir sobreviver na nossa cultura transfóbica.

Chris dos Brilhos, por exemplo, saiu da roça, de Senador Cortes, interior de Minas, para ser a primeira transexual mineira a ter documentos civis com seu nome social reconhecido. Extremamente religiosa, faz parte do grupo de orações de sua paróquia, ao lado de outras tantas senhoras rezadeiras. Chris foi pioneira também entre as que já realizaram sua readequação sexual e conta com orgulho as histórias de sua cirurgia transgenitalizadora no Equador, há muito tempo.

Ou Baby Mancini, uma das mais belas travestis brasileiras. Baby, além de ser proprietária de um salão de beleza em Juiz de Fora, esteve à frente do Concurso Miss Brasil Gay durante vários anos. Destaque no Carnaval, na Parada Gay, está sempre envolvida com as badalações da alta sociedade e é nossa leitora assídua. Uma travesti que conquistou respeito e um espaço que vai além das fronteiras de Minas e se estende por todo o país.

Nem Chris e nem Baby brilharam nos bancos das universidades, mas nunca deixaram de lutar pelos seus direitos. Souberam fazer de sua aparência uma bandeira e de cada chegada um instante de reflexão: sobre o lugar de cada um, sobre direitos individuais, sobre ser autêntico.

Camisinha sempre!



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