sábado, 7 de abril de 2012

Diálogo presidencial - 7/4/2012



Bem que o presidente Barack Obama podia conversar com a presidente Dilma Roussef sobre o combate à homofobia e os direitos dos homossexuais no Brasil. Poderia aproveitar essa viagem que se propõe a conquistar o apoio norte-americano a uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU; além de uma vasta pauta com os setores da economia e da educação. Nenhuma previsão de se conversar sobre direitos humanos e a cutucada que a presidente Dilma deu nos Estados Unidos durante sua visita a Cuba, referindo-se ao campo de detenção de Guantánamo, vai ficar por isso mesmo.

Mas, bem que o presidente Obama poderia puxar o assunto:

_ So, dear Dilma, fiquei sabendo que o problema dos gays e lésbicas no Brasil está ficando sério. Vocês abandonaram seus programas de combate à homofobia?


_ Olha, Obama, vamos deixar esse assunto para uma outra hora. Meu partido fez um acordo com os grupos evangélicos brasileiros e, em troca de seus votos nos comprometemos a não tocar em nada que diga respeito aos direitos dos gays. So...

_ But, que resposta o seu governo tem dado aos assassinatos por homofobia que têm colocado o Brasil na sad pole position dos crimes contra os homossexuais? Dear Dilma, os dados do GGB, que rodam o mundo, apontam 260 mortes por homofobia em 2011! Isso sem contar a questão do bullying homofóbico, da violência na família, as agressões... Vocês não estão preocupados com isso?

_ Obama, meu querido, vamos conversar sobre café, suco de laranja, computadores, tablets... Vamos fazer tablets no Brasil? Bora? E a Copa do Mundo? Você vai?

_ Please, Dilma, está crescendo muito o número de pedido de asilo que recebemos de gays e lésbicas brasileiros que se sentem ameaçados e com suas vidas em perigo pelos simples fato de serem homossexuais. Aliás, eu soube que você proibiu uma campanha de TV que promovia o uso do preservativo entre os jovens gays, mesmo diante do crescimento assustador da infecção entre eles. Isso não te comove?

_ Qualé, Obama, imagina o problemão que eu teria? Se o governo brasileiro admitir que existem jovens gays e que eles namoram no Brasil, os evangélicos - você sabe como eles são conservadores – pedem a minha cabeça! Não! Deixe esses gays para lá! Quem sabe um próximo presidente... Eu não levo muito jeito para esse tipo de assunto.

_ Well, assim vai ser difícil melhorar a vida e garantir os direitos desses brasileiros, Dilma. Aqui nos EUA ajudei numa campanha contra o suicídio de jovens gays, “It gets better!”, e apoio a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Tenho gays e lésbicas assumidos no meu staff e sempre os convido para nossas cerimônias e premiações. I’m so sorry!

_ Fica assim, não, rapaz! Vamos falar de negócios, let’s go? Ô Pimentel! Ô Mercadante! Acode aqui!