sábado, 4 de setembro de 2010

MGRV - 04/09/2010




Uma característica interessante no movimento LGBT organizado é a preocupação com a ampliação e continuidade de uma rede nacional de atenção aos homossexuais. Quase instintivamente, os grupos que conseguem se organizar se imbuem da responsabilidade de incentivar outros, principalmente em regiões "descobertas" onde uma ONG de defesa dos direitos de LGBT pode fazer a diferença e, em suma, salvar vidas.

Não foram poucas as vezes que visitei grupos de homossexuais interessados em se organizar, na maioria das vezes, despertados pela indignação diante de situações de humilhação, violência ou mesmo pela necessidade de viver suas histórias de amor para além de seus tristes calabouços. E, invariavelmente, são visitas marcantes, repletas de entusiasmo e interesse, em que planos e sonhos se misturam a histórias de dor e violência associadas sempre à homofobia e suas mazelas.

Em 2007, participei do 1º Fim de Semana da Diversidade Sexual da Região das Vertentes, em São João del Rei. Ali pude testemunhar o brilho no olhar daqueles rapazes, encantados com o primeiro banner a estampar oficialmente sua marca, ou com os folhetos coloridos que anunciavam o evento, ou com a bandeira do arco-íris, desafiadoramente exposta no auditório da Universidade Federal da cidade. Ali nascia o MGRV - Movimento Gay da Região das Vertentes, que viria a ser uma das mais sérias organizações que compõem a rede LGBT mineira, responsável por grandes momentos de luta e combate pelos direitos dos homossexuais em nosso Estado.

Entre um papo e outro sobre prevenção às DST-Aids e sobre como fortalecer as parcerias para que as ações voltadas para os gays e travestis fossem efetivas, falamos sobre organização, captação de recursos, direitos e as dificuldades em nossas relações com o Estado, justamente a esfera pública que envolveria o MGRV numa das mais injustas tentativas de calar o movimento social em suas críticas, que foi a ação movida pelos responsáveis pelo Centro de Referência LGBT de Minas Gerais contra Carlos Bem, fundador e presidente da ONG de São João del Rei. Ao final, tudo terminou numa bela reprimenda aos equivocados gestores públicos.

Dia 17 de setembro, serei um dos que receberão o Troféu São João del Rei de Direitos Humanos e Combate à Homofobia, oferecido pelo MGRV aos que ajudaram a construir a sua história. Estarei presente, aplaudindo de pé esses anos de vitórias.

Camisinha sempre!


Um comentário:

  1. Oswaldo Braga,

    esta notícia do prêmio é muito boa. Parabéns, afinal o seu trabalho é merecedor de reconhecimento.

    Há muito o que ser dito sobre sua militância.

    Beijão
    Eduardo Piza

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