sábado, 30 de outubro de 2010

Cannabis - 30/10/2010



Na próxima terça-feira, 2, os californianos irão votar a Proposição 19, que legaliza a produção, venda e uso da "cannabis sativa", a maconha. A favor de sua legalização, pesa a falta de eficácia e os prejuízos sociais causados pela estratégia de combate, ao invés de prevenção ao uso de drogas, o que faz uma enorme diferença. 

Os contrários à ideia basicamente se justificam dizendo que a proibição reduz o consumo e a violência como problema decorrente. O outro lado alega que a maconha faz menos mal à saúde que algumas drogas lícitas, como o álcool e o tabaco. Exibem dados que comprovam que o alcoolismo praticamente não se reduziu diante da proibição do uso do álcool e que não existe nenhuma relação direta entre o zelo da polícia em perseguir os usuários e a redução da quantidade de droga consumida. Negam que a legalização da maconha vá provocar um aumento da violência. Pelo contrário, a proibição é que incentiva as disputas territoriais. Essas, sim, são a maior fatia do problema e não os pequenos delitos cometidos por usuários para comprarem suas drogas. 

Segundo eles, as medidas de proibição da maconha atingem mais os negros e as minorias: apesar de os pobres e negros consumirem menos que os brancos da Califórnia, eles têm duas vezes mais chances de serem presos por posse da erva. 

Pelo viés financeiro, a alegação é de que, uma vez no controle dos preços, o tráfico acaba gerando exclusivamente para si, um volume espantoso de dinheiro. Só de atravessar a fronteira do México para os EUA, o preço da maconha salta de US$ 80 para US$ 2 mil o quilo! E todo esse lucro não só alimenta a compra ilegal de armamentos, mas financia a construção de uma rede de corrupção e proteção, cujos problemas sociais são bem maiores que a legalização da "cannabis". Sem falar dos impostos, que podem jogar nos cofres do estado cerca de US$ 1,3 bilhão por ano, recursos que não podem ser desprezados pela Califórnia, que passa por sérias dificuldades financeiras. 

Foi a partir de 1926, que o consumo de drogas passou a ser visto por uma nova perspectiva - a redução de danos. O consumo de ópio fez a Inglaterra abordar a dependência química não como um problema policial, mas do conjunto dos setores públicos. Em 1984, a Holanda lançou o controverso sistema de troca de seringas: se não se pode evitar a injeção da droga, pelo menos se evita a Aids e a Hepatite B. 

É nessa perspectiva que os Estados Unidos enfrentam o debate de um assunto que há muito precisa ser encarado. Sob o risco de perpetuarmos essa relação desigual de poder imposta por um mercado paralelo, onde as leis são determinadas por infratores. 

Camisinha sempre!

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