Durante algum tempo, apresentamos um programa semanal na rádio
comunitária Mega FM, de Juiz de Fora. Ali, tinham voz todos os movimentos
sociais ausentes da grande mídia e convivemos com a "galera" do hip
hop, assíduos ouvintes das nossas mensagens.
Arrependidos, esses jovens
relatavam que até bem pouco tempo sua diversão de sábado à noite era sair para
"dar umas porradas nos veados". Infelizmente, os 25 megawats de
potência da Mega FM não foram suficientes para alcançar aqueles que precisavam
ouvir um pouco sobre diversidade, respeito e direitos humanos.
O último domingo foi marcado
pela violência contra os gays. Dois incidentes escandalosos mostram que o
combate à homofobia não é assunto para ser negociado por votos em períodos
eleitorais. Em São Paulo, um jovem gay foi agredido violentamente enquanto
caminhava distraído pela avenida Paulista, em plena luz do dia.
A cena foi gravada: o
agressor quebra uma lâmpada fluorescente no rosto do gay e outra nas suas
costas. Os bandidos presos foram libertados no dia seguinte. Segundo seus
advogados, a agressão fora uma resposta a um flerte.
No mesmo domingo, após a
Parada do Orgulho Gay do Rio de Janeiro, uma das mais famosas do mundo, um
soldado do Exército brasileiro atingiu o abdome de um jovem gay com um tiro de
fuzil. Apesar das testemunhas, ninguém foi preso e, na manhã seguinte, o
Comando Militar do Leste divulgou nota negando a participação de qualquer
militar no incidente. Dias depois, o soldado homofóbico confessou o crime.
Nos dois casos, impressiona
a velocidade com que a Justiça agiu para libertar os culpados ou negar o seu
envolvimento. Impressiona também a morosidade em reconhecerem que o que está
por trás disso é o preconceito, cuja criminalização não consegue avançar graças
a religiosos como o pastor televisivo Silas Malafaia, ou os senadores Magno
Malta e Marcelo Crivella, que insistem em defender o seu direito de incitar a
violência contra os gays em nome de Deus.
Enquanto isso, sem muitas
esperanças, continuamos aguardando a implantação de políticas públicas de
combate à homofobia, seja educando melhor os nossos jovens, seja punindo os
criminosos que dela fazem uso.
Camisinha sempre!
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