quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quem tem medo do movimento gay? - 22/08/2012




Há algum tempo decidi não me chatear mais com insignificâncias – ou insignificantes. Meses atrás acabei caindo numa dessas armadilhas que uma resposta mal interpretada no facebook nos apronta e ganhei um grupo de seguidores rancorosos e ávidos por uma oportunidade de desqualificar o meu trabalho, reconhecido em todo o Brasil e no exterior; a minha trajetória como um cidadão que escreveu seu nome na história dessa cidade e desse país; a minha vida; por pensar diferente de mim sobre determinado assunto. O episódio me deixou bastante chateado e essa sensação não passava, porque mesmo que eu me calasse, meus adversários insistiam em distribuir informações equivocadas sobre minha organização, sobre mim e meu marido.

Nunca me furtei aos debates virtuais e me enriqueço muito com as opiniões, experiências e ensinamentos da minha rede, mas percebi que o debate não estava aberto. As opiniões se tornaram ataques ofensivos e os argumentos rasteiros de quem “ouvira o galo cantar, mas não sabia onde” me fizeram avaliar que esses interlocutores não mereciam sequer minhas explicações. Decidi bloquear nossa comunicação e deixei de me chatear. Rapidamente, constatei que essa ausência não me fez falta nenhuma.

Hoje, algumas pessoas tentaram me jogar na mesma arapuca. Dessa vez, o divisor de águas são as posições políticas divergentes, o que se torna dinamite em época de eleições numa cidade do interior. Nas últimas eleições, depois de meses de trabalho junto à nossa comunidade, a favor da petista Margarida Salomão; depois de termos aplaudido nosso candidato a vereador nos palanques, ao seu lado; fomos traídos por um acordo espúrio com os evangélicos, os mesmos que tentaram difamá-la dias antes e a quem seu grupo político se rendeu em troca de votos.  Nossas bandeiras foram convidadas a saírem daquela última manifestação em uma clara mensagem: se for preciso rifar alguém, rifamos vocês.

Sim, fomos traídos. Traídos pelo PT aqui em Juiz de Fora, assim como estamos sendo traídos pelo PT em Brasília, pela presidente Dilma Rousseff e seus ministros. Medo de que? Margarida Salomão e seu grupo não querem sequer um diálogo com o movimento LGBT. Margarida Salomão nunca esteve numa solenidade de abertura do Rainbow Fest. Ela desconhece nossas propostas, desconhece o grau de homofobia que existe em nossa cidade, ignora a vulnerabilidade da nossa comunidade, se envergonha de nossas bandeiras. Jamais nos procurou ou estendeu suas mãos para o movimento LGBT. Como reitora, jamais reconheceu ou apoiou qualquer ação do movimento gay e nunca moveu um dedo no sentido de promover a cidadania e a defesa dos milhares de alunos homossexuais da UFJF.

Ao contrário do modus operandi do PT, o prefeito Custódio Mattos nos mostrou que vencer uma eleição não significa exterminar os adversários. Ele nos ouviu, nos entendeu e agiu. Deu andamento às demandas que apresentamos e esteve ao nosso lado em busca de soluções eficientes e efetivas para nossos problemas. Todos os programas sociais do governo Custódio Mattos foram abertos às famílias homoafetivas e os programas voltados para a juventude incluem os jovens LGBT. Muita coisa ficou por fazer, mas nada nos indica um retrocesso.

O prefeito Custódio Mattos, como nós, desconsidera essa falsa polarização entre os evangélicos e os homossexuais. Essa celeuma, cultivada por fanáticos lideres religiosos e alimentada por interesses pessoais e pouco éticos, tem provocado fissuras em importantes alicerces de nossa cultura como a liberdade religiosa, a laicidade do estado e o respeito à individualidade do cidadão brasileiro. Não pode e não deve ser fomentada e sequer se prestar a moeda de troca em período eleitoral, o que já sinaliza o tipo de ética que se deve esperar de quem o faz.

Assim, entendo que o projeto da candidatura Custódio Mattos é mais adequado e mais vantajoso para os homossexuais de Juiz de Fora. É um projeto que nos inclui e no qual podemos garantir políticas públicas voltadas para a comunidade LGBT na área de saúde, educação, segurança pública, turismo, emprego e renda e assistência social.

Por fim, retomando o tema inicial, reservo-me o direito de me posicionar politicamente, de me expressar, de escolher meus interlocutores, de apoiar os que me apoiam e de não me chatear.