Hoje, 29 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional de Visibilidade das Travestis. A data foi escolhida para marcar a visita de um grupo de lideranças travestis ao Congresso Nacional, em 2004, durante o lançamento da campanha Travesti e Respeito: Já Está na Hora dos Dois Serem Vistos Juntos, do Ministério da Saúde. Desde então, o movimento LGBT se mobiliza nessa data para comemorar as poucas vitórias concretas na garantia dos direitos das travestis brasileiras e no combate à transfobia, e para lembrar o quanto essas pessoas ainda são vítimas de preconceito e das consequências da marginalização.
À grande maioria das travestis, restou a prostituição como alternativa possível de subsistência. Numa lógica de oferta e procura, nunca deixou de existir mercado para as fantasias sexuais que as travestis despertam. A pista e seus perigos só existem para atender a uma clientela numerosa, fiel e disposta a pagar pelo prazer de uma transa com alguém que possua uma identidade de gênero diferente da sua. E que desperte loucuras!
Travestis reagem ao preconceito de diferentes maneiras. Umas se fecham em casa e se limitam a enfrentar a família, ou se refugiar em sonhos e lágrimas. Umas poucas conseguem sublimar o preconceito e enfrentam os desafios: estudam, formam-se, estabelecem-se como profissionais liberais, ocupam cargos públicos e disputam espaço com os demais, superando suas desvantagens. Outras - infelizmente, a maioria - são expulsas ou abandonam suas famílias e se jogam no mundo, aproveitando o que ele tem a lhes oferecer, e que não é muito: drogas, exclusão, roubos, desrespeito e muita violência.
Segundo os dados do Grupo Gay da Bahia, dos 252 homossexuais assassinados no Brasil em 2010, 104 eram travestis e 84% delas se prostituíam nas ruas. Cerca de 8% dos crimes tiveram relação com drogas. Quase a metade (47%) morreu espancada ou esfaqueada, em alguns casos, com escandalosos requintes de crueldade. A outra metade foi vítima de armas de fogo.
Nos últimos três anos, o número de travestis assassinadas no Brasil duplicou, e Minas Gerais é o segundo no ranking dos Estados onde se mata mais. Diante da ausência de propostas e ações por parte do governo do Estado, a UFMG e o Cellos-trans tomaram a frente e organizaram uma programação para lembrar a data, no próximo dia 31 de janeiro, às 18h, no auditório do Conselho Regional de Psicologia. O governo de Minas estará representado na mesa de abertura e, talvez, tenha muita coisa a esclarecer.
Parabéns, travestis e camisinha sempre!