Primeira coluna de 2011. Pelas minhas contas, essa é a ducentésima
coluna que assino no jornal O Tempo. Desde fevereiro de 2007 tento mostrar o
quanto é simples conviver com outras formas de amor, particularmente aquele que
une a família homossexual. Em 100% delas falamos de direitos e passamos por
duas centenas de situações que tentaram refletir a simplicidade que existe em
aceitar e respeitar o outro como ele é.
Como a primeira de 2011, é
importante perguntarmos o que efetivamente esperar desse ano, em termos de
ganho de direitos e diminuição da homofobia no Brasil? O que muda no cenário da
nossa luta? Com uma nova presidente, dando continuidade ao modelo de gestão
publica adotado nos últimos oito anos e que colocou a nação brasileira numa
posição bem mais confortável que nos anos anteriores, o que muda para o
movimento homossexual brasileiros?
Se é verdade que os
políticos desconsideram solenemente os acordos feitos durante suas campanhas
eleitorais, aqueles celebrados com os grupos religiosos deveriam ser os
primeiros a serem esquecidos. Muitos militantes LGBT entenderam assim as
visitas aos templos e as reuniões amplamente noticiadas pela imprensa durante a
campanha eleitoral de 2010. Já esta apagada da nossa memória a possibilidade de
que assuntos delicados e que nos são caros, como a união civil entre pessoas do
mesmo sexo ou a criminalização da homofobia, não façam parte da pauta do
governo federal para 2011. Nossa esperança é que sejam tratados de forma
definitiva: que o Brasil reconheça os nossos direitos e que a vida dos cidadãos
gays deixe de ser mais difícil que a dos
heterossexuais.
Que não sejamos sempre
obrigados a recorrer aos tribunais e submetermos às interpretações solidarias
de juízes progressistas ou a condenações arbitrarias dos conservadores. Nossos
direitos precisam deixar de ser o resultado de interpretações de textos legais
e se tornarem claros e explícitos em leis que nos reconheçam como gays e como
merecedores das vantagens que o progresso, do qual fomos também operários, proporciona
aos heterossexuais.
Assim, espero que em 2011, o
bullying; o desrespeito dos pais por seus filhos e filhas gays; as escolas e
seus conteúdos pouco inclusivos; os discursos inflamados dos pregadores
evangélicos e sua perniciosa influencia na vida desse pais; o violência
gratuita nas ruas das cidades e a ligação maldosa entre amor e insegurança a
que somos expostos; enfim, tudo que complica a nossa existência se torne coisa
do passado. E que o futuro seja definitivamente melhor.
Camisinha sempre!
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