domingo, 9 de janeiro de 2011

Ducentésima - 01/01/2011



Primeira coluna de 2011. Pelas minhas contas, essa é a ducentésima coluna que assino no jornal O Tempo. Desde fevereiro de 2007 tento mostrar o quanto é simples conviver com outras formas de amor, particularmente aquele que une a família homossexual. Em 100% delas falamos de direitos e passamos por duas centenas de situações que tentaram refletir a simplicidade que existe em aceitar e respeitar o outro como ele é.

Como a primeira de 2011, é importante perguntarmos o que efetivamente esperar desse ano, em termos de ganho de direitos e diminuição da homofobia no Brasil? O que muda no cenário da nossa luta? Com uma nova presidente, dando continuidade ao modelo de gestão publica adotado nos últimos oito anos e que colocou a nação brasileira numa posição bem mais confortável que nos anos anteriores, o que muda para o movimento homossexual brasileiros?

Se é verdade que os políticos desconsideram solenemente os acordos feitos durante suas campanhas eleitorais, aqueles celebrados com os grupos religiosos deveriam ser os primeiros a serem esquecidos. Muitos militantes LGBT entenderam assim as visitas aos templos e as reuniões amplamente noticiadas pela imprensa durante a campanha eleitoral de 2010. Já esta apagada da nossa memória a possibilidade de que assuntos delicados e que nos são caros, como a união civil entre pessoas do mesmo sexo ou a criminalização da homofobia, não façam parte da pauta do governo federal para 2011. Nossa esperança é que sejam tratados de forma definitiva: que o Brasil reconheça os nossos direitos e que a vida dos cidadãos gays deixe de ser mais difícil que a dos
heterossexuais.

Que não sejamos sempre obrigados a recorrer aos tribunais e submetermos às interpretações solidarias de juízes progressistas ou a condenações arbitrarias dos conservadores. Nossos direitos precisam deixar de ser o resultado de interpretações de textos legais e se tornarem claros e explícitos em leis que nos reconheçam como gays e como merecedores das vantagens que o progresso, do qual fomos também operários, proporciona aos heterossexuais.

Assim, espero que em 2011, o bullying; o desrespeito dos pais por seus filhos e filhas gays; as escolas e seus conteúdos pouco inclusivos; os discursos inflamados dos pregadores evangélicos e sua perniciosa influencia na vida desse pais; o violência gratuita nas ruas das cidades e a ligação maldosa entre amor e insegurança a que somos expostos; enfim, tudo que complica a nossa existência se torne coisa do passado. E que o futuro seja definitivamente melhor.


Camisinha sempre!

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