Estamos de férias. Decidimos fazer uma viagem típica do verão de
mineiros: alcançar o sul da Bahia e descer pelo litoral ate a Região dos Lagos,
de onde rumaremos para casa. Uma viagem dividida em três partes bem distintas:
a primeira em companhia da família, a segunda sozinhos pelo litoral e a
terceira numa cidade grande, o Rio. Estamos na segunda parte.
Saímos em busca de lugares
bonitos, pessoas e coisas interessantes, motivos para rir ou chorar de prazer e
foco em nos mesmos. Para nós, os dias são infinitamente mais agradáveis que as
noites e as baladas são trocadas com facilidade por uma prolongada noite de
sono. Talvez por isso, essa sensação de que não existem lugares de frequência
de homossexuais por onde passamos, apesar de detectarmos gays e lésbicas em
todos eles, espalhados na multidão.
Por um lado, isso é bom. É
como se o gueto se pulverizasse na atmosfera. Fomos bem tratados e não
precisamos deixar de ser carinhosos, nem românticos e nem gays em nenhum dos
lugares onde estivemos ate agora. Por outro lado, sentimos falta de ambientes
GLS, com a bandeira do arco-íris na fachada, onde pudéssemos fazer amigos gays.
O tempo todo convivemos com a incerteza e a dúvida se o casal ao nosso lado era
formado por dois amigos hetero em busca de parceiras ou por dois homens gays
em busca de amigos. Os casais gays de meia idade se escondem na discrição. Na ausência
de locais GLS, passamos despercebidos e perdemos boas oportunidades de nos
encontrarmos e nos reconhecermos.
Como turistas GLS fomos bem
vindos, não nos sentimos sobretaxados, não fomos mal servidos onde os outros
eram bem, sempre recebemos um sorriso carinhoso e o convite para que voltemos e
tragamos os amigos. E, apesar de detectarmos centenas de outros gays e
lésbicas, tanto como turistas quanto como empresários do trade, não encontramos
empreendimentos voltados para o publico GLS.
A sazonalidade do turismo
sol & mar e um empreendimento voltado para os homossexuais e
simpatizantes parecem de certa forma incompatíveis. Para quem precisa faturar
muito em pouco tempo, a bandeira do arco-íris pode não ajudar. Se ela abre as
portas para o turista GLS, que representa uma fatia relativamente pequena do
total de veranistas, ela espanta um grupo bem maior que são aqueles que temem
ser confundidos com os gays, os homofóbicos ou os que preferem não se envolver
com esse “tipo de gente”.
Camisinha sempre!
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