O ano começou com a notícia de que os casais gays brasileiros
passaram a ser incluídos nos programas de reprodução assistida e poderão
utilizar as técnicas desenvolvidas pela ciência para ter filhos e ampliar suas
famílias. "Não existe espaço para o preconceito e a discriminação na
medicina", declara o presidente do Conselho Federal.
No mesmo dia, o pop star gay
inglês Elton John e seu companheiro anunciavam, em Londres, o nascimento de seu
primeiro filho, gerado a partir das técnicas de reprodução que, agora,
encontram-se ao nosso alcance.
Um mês antes, no INSS,
comemoramos também uma importante vitória com o reconhecimento definitivo do
direito à pensão de parceiros homossexuais que vivem em união estável, em caso
de morte de um deles. Isso significa que o direito que foi assegurado aos
casais gays durante os últimos anos, em caráter provisório através de liminar,
passa a ser definitivo, sem direito a apelações.
Nas solenidades que marcaram
a posse da nova presidente do Brasil, os homossexuais se fizeram abertamente
presentes, através do ativista Toni Reis, atual presidente da ABGLT, convidado
ilustre nos salões palacianos. Lá fora, nossas bandeiras do arco-íris se
destacavam na multidão que saudava Dilma Roussef como a nova comandante do
primeiro país a realizar uma conferência nacional em que governo e sociedade
civil negociaram ações de combate à homofobia e promoção da cidadania LGBT.
Poucos dias depois, o Grupo
Gay da Bahia, através do trabalho árduo e sistemático de seu fundador, o
antropólogo Luiz Mott, anuncia que esse mesmo Brasil bateu todos os recordes de
assassinatos contra os homossexuais, desde que se iniciou essa contagem no fim
do século passado, a partir de informações colhidas na imprensa. Em 2010, foram
mais de 250 assassinatos por homofobia, o que significa que, a cada um dia e
meio, um gay morre assassinado por ser homossexual no nosso país.
A ilusória sensação de
aceitação e vitória sobre o preconceito não pode nos levar a baixar a guarda e
considerar que nossa luta terminou. Milhões de gays e lésbicas brasileiros
ainda escondem sua homossexualidade e são impedidos de viverem sua vida afetiva
de uma forma saudável e prazerosa. Milhares de ocorrências de agressão e
desrespeito ficam de fora das estatísticas do GGB, bem como outros milhares que
sequer chegam a ser notificadas e se mantêm restritas ao âmbito familiar.
A esperança que esse quadro
mude a partir da sensibilidade de uma presidente mulher renova nossas forças
para a luta por um Brasil sem homofobia.
Camisinha sempre!
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