sábado, 19 de abril de 2008

Estado Laico – 19/04/2008



O Papa Bento XVI, em sua vista aos Estados Unidos, ainda no avião, se declara envergonhado pelos escândalos que revelam o envolvimento de mais de 5.000 padres e 10 mil menores em casos de pedofilia naquele país. Em suas declarações, Bento XVI foi textual: "Não vou falar de homossexualidade, mas pedofilia, que é outra coisa". Menos mal.
Enquanto isso, no Senado, Ronaldo Fonseca, da Assembleia de Deus, volta à carga contra o PLC 122, que torna crime inafiançável a discriminação contra os homossexuais, nos mesmos moldes que o racismo. Segundo o dublê de pastor e senador, o PLC cria uma outra forma de preconceito, na medida em que os impedirá de atacarem os homossexuais no espaço público de seus templos. Incoerentemente, se coloca contra toda e qualquer forma de discriminação e alega que o projeto de lei é uma "mordaça" aos pastores que não poderão mais incitar seus discípulos contra os gays.
Em relação ao papa, não temos como discordar. A insistente relação estabelecida no consciente popular entre homossexualidade e pedofilia tem trazido tristes consequências para os gays, notadamente àqueles envolvidos com a educação de jovens e crianças. A grande maioria dos atos de pedofilia acontece em casa e é cometida por heterossexuais. Quase todas as crianças submetidas à exploração sexual são meninas, obrigadas a se prostituírem em relações com homens. A maior parte da violência sexual cometida contra crianças e adolescentes tem meninas como vítimas e heterossexuais como agressores.
Já o pastor precisa entender que a homofobia se concretiza na violência e que qualquer coisa que a justifique incentiva a violação de nossos direitos. Se deixar de cometer pecados depende de uma atitude individual e consciente, ser homossexual não passa por uma escolha pessoal.
Por fim, é preciso separar as duas coisas: homossexualidade não tem nada a ver com religião. O Brasil ainda é laico, o que significa que estado e religiões caminham separados e é isso que garante a todos sua liberdade de credo. Um cidadão que não acredita em Deus, ou na Bíblia, não deixa, por isso, de sê-lo. Sua cidadania deve ser garantida e respeitada. Entre seus direitos encontra-se o de amar, constituir uma família e tê-la reconhecida.
Camisinha sempre!

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