Derby fica a cerca de 200 km ao norte de Londres. Ali, no centro
da Inglaterra, os 230 mil habitantes da cidade compartilham opiniões e se
envolvem na polêmica provocada pela decisão do City Council, algo como uma
Câmara Municipal, de proibir os Johns de serem pais adotivos, graças à sua
posição homofóbica.
Eunice e Owen Johns tiveram
seu pedido de adoção negado quando declararam que tentariam "mudar a
criança" se percebessem que ela era homossexual. Segundo Katie Harris,
especialista em questões de adoção na Câmara de Derby, "se nós,
autoridades encarregadas de cuidar do bem-estar de nossas crianças, autorizamos
essa adoção e vem a público que esse senhor está pondo em prática aquilo que
ele chama de mudar a criança, com certeza estaríamos numa grande
enrascada".
O caso foi parar na Corte
Suprema após várias tentativas de se conciliar as visões religiosas dos Johns
com as regras inglesas de adoção. O casal tenta agora reverter a decisão e
cobra do governo a garantia de proteção às suas crenças religiosas alegando
acreditarem numa Bíblia onde está escrito que "dois homens vivendo juntos
é uma abominação", cita a indignada sra. Johns.
A decisão da Câmara de Derby
sinaliza para novos tempos e concepções. Apesar da aparente lisura
comportamental do casal religioso, o direito à livre orientação sexual do
futuro adulto prevaleceu sobre as crenças que poderiam perpetuar situações de
homofobia internalizada e sofrimentos psicológicos que se refletem nos
assustadores índices de suicídios entre os jovens gays. Eles são hoje um dos
grupos de maior risco de cometerem suicídios, graças a essa indução da não
aceitação de si mesmos e à negação de seus desejos, tão confusos no despertar
da sexualidade.
De fato existe uma ideia
generalizada de que é melhor estar morto do que ser gay, e isso tem feito com
que mais da metade dos jovens que se matam realmente o seja. Como se não bastasse,
o desrespeito às características individuais e o não acolhimento desses rapazes
refletem-se nos elevados índices de infecção pelo HIV nessa população, que hoje
representa o grupo mais vulnerável à Aids entre todas as categorias de
exposição, acima dos profissionais do sexo e usuários de drogas. O que não
deixa de ser uma forma de desapego à vida.
Camisinha sempre!
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