sábado, 19 de março de 2011

Beijo gay - 19/03/2011


Nesta semana, entre lágrimas, aplausos e decepções, o Brasil assistiu o final feliz do romance gay da novela "Ti-ti-ti". Em meio a uma grande festa, Thales (Armando Babaioff) se desarma de seus receios, se despe de sua homofobia internalizada e anuncia seu amor por Julinho (André Arteche). Não um amor de amigos, mas um amor gay, de homem para homem, desses que fazem as pessoas pararem, repararem, pensarem e se posicionarem.

Diante da declaração pública, Julinho custa a reagir. O apaixonado segue em seu discurso emocionante, marejando os olhos de milhões de telespectadores que vivem ou viveram um grande amor e que conhecem suas dores e delícias. Um grande amor sempre suscita atos de heroísmo e bravura e não seria diferente em se tratando de dois homens.

Finalmente, Thales abre seu coração e os braços para romper todas as barreiras e acolher o homem que ele deseja tanto e que acabara de provocar o encontro consigo mesmo, destruindo castelos de mentiras e fazendo nascer de novo alguém capaz de se orgulhar de sua capacidade de amar. Julinho percebe isso, acorda de sua incredulidade e reage ao convite do amado.

Mas, não se beijam. Abraçam-se, recostam-se nos ombros um do outro e a cena óbvia do beijo romântico entre os dois amantes que, num momento sublime se revelam e superam os preconceitos, que alinhavara a trama daquele núcleo da novela, não acontece. Depois de toda essa saga, Julinho e Thales negam a manifestação de seu afeto diante das atentas câmeras globais, responsáveis por definir até onde o público da novela das sete suporta conviver com o amor homossexual. Para eles, o beijo gay ultrapassa esse limite.

O não beijo de "Ti-ti-ti" já era esperado. Fora anunciado pelas revistas de fofoca e indicado pela direção da Rede Globo alguns meses antes, quando Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, respondeu ofício da ABGLT e deixou bastante claro que a empresa que dirige se preocupa em estimular seus autores a abordarem causas de interesse da sociedade, promover princípios, valores e direitos universais, mas não como fazê-lo. "Não cabe promover institucionalmente o beijo gay", esclareceu.

Enquanto a Rede Globo, tão moderna e atrevida, por um lado, e conservadora e acomodada, por outro, orientava seus autores sobre as conveniências e os limites de uma novela das sete, nos Estados Unidos, a Fox exibia um dos mais belos e esperados momentos do seriado "Glee", fenômeno de audiência juvenil norte-americano: no capítulo de terça-feira, Kurt (Chris Colfer) e Blaine (Criss Darren) se beijam apaixonados e protagonizam uma das cenas de maior acesso na internet nesta semana.


Camisinha sempre!


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