Nesta semana, entre lágrimas, aplausos e decepções, o Brasil
assistiu o final feliz do romance gay da novela "Ti-ti-ti". Em meio a
uma grande festa, Thales (Armando Babaioff) se desarma de seus receios, se
despe de sua homofobia internalizada e anuncia seu amor por Julinho (André
Arteche). Não um amor de amigos, mas um amor gay, de homem para homem, desses
que fazem as pessoas pararem, repararem, pensarem e se posicionarem.
Diante da declaração
pública, Julinho custa a reagir. O apaixonado segue em seu discurso
emocionante, marejando os olhos de milhões de telespectadores que vivem ou
viveram um grande amor e que conhecem suas dores e delícias. Um grande amor
sempre suscita atos de heroísmo e bravura e não seria diferente em se tratando
de dois homens.
Finalmente, Thales abre seu
coração e os braços para romper todas as barreiras e acolher o homem que ele
deseja tanto e que acabara de provocar o encontro consigo mesmo, destruindo
castelos de mentiras e fazendo nascer de novo alguém capaz de se orgulhar de
sua capacidade de amar. Julinho percebe isso, acorda de sua incredulidade e
reage ao convite do amado.
Mas, não se beijam.
Abraçam-se, recostam-se nos ombros um do outro e a cena óbvia do beijo
romântico entre os dois amantes que, num momento sublime se revelam e superam
os preconceitos, que alinhavara a trama daquele núcleo da novela, não acontece.
Depois de toda essa saga, Julinho e Thales negam a manifestação de seu afeto
diante das atentas câmeras globais, responsáveis por definir até onde o público
da novela das sete suporta conviver com o amor homossexual. Para eles, o beijo
gay ultrapassa esse limite.
O não beijo de
"Ti-ti-ti" já era esperado. Fora anunciado pelas revistas de fofoca e
indicado pela direção da Rede Globo alguns meses antes, quando Luis Erlanger,
diretor da Central Globo de Comunicação, respondeu ofício da ABGLT e deixou
bastante claro que a empresa que dirige se preocupa em estimular seus autores a
abordarem causas de interesse da sociedade, promover princípios, valores e
direitos universais, mas não como fazê-lo. "Não cabe promover
institucionalmente o beijo gay", esclareceu.
Enquanto a Rede Globo, tão
moderna e atrevida, por um lado, e conservadora e acomodada, por outro,
orientava seus autores sobre as conveniências e os limites de uma novela das
sete, nos Estados Unidos, a Fox exibia um dos mais belos e esperados momentos
do seriado "Glee", fenômeno de audiência juvenil norte-americano: no
capítulo de terça-feira, Kurt (Chris Colfer) e Blaine (Criss Darren) se beijam
apaixonados e protagonizam uma das cenas de maior acesso na internet nesta
semana.
Camisinha sempre!
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