"Vote contra a homofobia; defenda a cidadania". Esse é o
lema da maioria das Paradas do Orgulho LGBT, cuja temporada está no auge: todo
final de semana, tem parada gay em algum lugar do Brasil. Neste ano, serão
aproximadamente 200 eventos, atraindo às ruas milhões de pessoas, num mix de
festa e militância cujo equilíbrio é sempre contestado.
Incontestável, porém, é o
seu sucesso. As paradas dão visibilidade, seja lá o que se entenda por isso.
Ela expõe uma comunidade que vivia escondida e que vai às ruas dizer que as
coisas mudaram: aquela vergonha virou orgulho. São milhões de brasileiros que
cantam, dançam, sentem prazer de estar ao lado dos gays e apoiam a luta pela
liberdade de orientação sexual.
Um sucesso nacional que para
cidades inteiras, em todas as regiões do país, em municípios pequenos, médios
ou grandes! Um evento campeão de mídia, cercado de polêmicas; um parto à
fórceps na rotina monótona das cidades. Um fenômeno que cresce a cada ano e que
acontece graças ao sacrifício de uma militância pobre, que arrisca seu nome,
seu crédito, sua reputação e trabalha no fio da navalha para colocar na rua uma
estrutura cara com pouquíssimo apoio financeiro.
As paradas são bonitas,
coloridas com nuances de militância. Políticas porque expõem contradições que a
sociedade se recusa a encarar. Reivindicatórias, na medida em que defendem o
direito a um comportamento alternativo à heterossexualidade, cujos ditos se
encontram introjetados inclusive em nós mesmos. Elas nos lembram a importância
de nos unirmos para quebrar esse modelo impositivo a tal ponto de nós mesmos
questionarmos o seu formato e aventarmos a possibilidade de abrir mão do
sucesso estrondoso de um produto nosso, criado por nós e gerado dentro do
movimento LGBT organizado.
O tema escolhido para as
paradas neste ano eleitoral nos lembra que precisamos votar em candidatos
comprometidos com o combate à homofobia, a defesa do direito à livre orientação
sexual, o reconhecimento e a garantia dos direitos da família homoafetiva e a
defesa da nossa cidadania.
As paradas gays atraem o
público para uma festa e angariam sua simpatia para uma causa. A curto prazo,
elas não modificam o grau de confiança em nós e nem parecem conquistar respeito
para o movimento LGBT. Talvez por isso, ainda não soubemos como transformar
essa enorme multidão numa multidão de votos.
Camisinha sempre!
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