sábado, 24 de julho de 2010

Inexorável - 24/07/2010




A Argentina tem casamento gay. Cristina Kirchner promulgou na quarta-feira a lei que reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovada há uma semana pelo Congresso. Uma atitude que continua a repercutir positivamente e que fez com que o nosso país hermano galgasse mais um degrau em direção à modernidade.

A união civil é inexorável. Apesar do barulho dos conservadores, o mundo entende que não faz sentido negar os direitos dos cidadãos homossexuais e suas famílias homoafetivas. Casamento gay é evolução, e o mundo aplaude aqueles que impulsionam avanços. As críticas que a presidenta argentina sofreu não afetam sua popularidade e sua imagem de baluarte na defesa de direitos, sem discriminação. Essas críticas são o choro dos derrotados, vencidos pela lógica da razão e pela onda evolutiva que desmascara os interesses obscuros daqueles que insistem em ludibriar a população com discursos moralistas, enquanto "suas piscinas estão cheias de ratos", como cantou Cazuza.

A Argentina traz para o polo Sul a vanguarda do polo Norte. Toda a Escandinávia já aprovou o casamento gay. Casamento mesmo, com exatamente os mesmos direitos de qualquer casal. Aliás, isso não importa. O importante é que aquela família tenha seus direitos garantidos. E o assunto se encerra aí, porque a forma como esse casal abençoará essa união, se assim o desejar, não diz respeito ao estado laico e é uma decisão pessoal que obedecerá as regras estabelecidas pelos seus rituais.

Países como a Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Islândia, exemplos de desenvolvimento e progresso, não reconheceriam os direitos das famílias homossexuais se isso significasse algum tipo de problema, seja nas relações entre governo e população, seja nas relações entre países e organismos internacionais. Tampouco a Argentina, que seguramente ganhou mais que perdeu com o reconhecimento da união civil.

Esses e outros governantes de países sensíveis ao clamor de seus cidadãos LGBT que legalizaram o casamento também entre pessoas do mesmo sexo não estão se lixando para seu grau de popularidade nem decidiram desafiar a opinião pública com uma política de "liberou geral". Eles sabem que as forças conservadoras são mais barulhentas que efetivas e que não adianta represar os avanços, pois um dia eles romperão as barragens.

Alguns países e governantes marcarão a história com seu pioneirismo e serão aplaudidos pela eternidade. Outros se limitarão a trocar o retardo do reconhecimento e garantia de direitos por votos efêmeros em alianças oportunistas nas eleições nacionais.

Camisinha sempre!


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