Bullying é o nome moderno para aquele sentimento que todo gay conhece
desde que entra na escola. É aquela prepotência maldosa de uns sobre as
diferenças aparentes do outro. Bullying é uma forma de discriminação que
machuca e deixa sequelas para o resto da vida. É a piadinha que fere, a
exposição que isola e envergonha, o sentimento que nos leva a desistir, antes
mesmo de enfrentar.
Não somos só nós, os gays, as vítimas do bullying nas escolas.
"Bully", termo em inglês, refere-se ao valentão, aquele que se sente
fora do alcance dos defeitos, o inquisidor que encontra, aponta e menospreza
particularidades dos outros, como se fossem defeitos. Apesar do bullying
atingir também o gordo, o narigudo, o magrelo e produzir danos em qualquer
situação, ser gay - ou pior, afeminado - sempre foi uma das formas mais cruéis
de exclusão. Muito pior que as outras.
O bullying é o que estraga toda a construção da autoestima a qual pais,
parentes e amigos se dedicam a vida inteira. Toda a preocupação em fortalecer o
indivíduo para que os escorregões sejam considerados fatalidades, e não
derrotas intransponíveis, é destruída pelas maldades da chacota que estereotipa
e da menos valia consequente. O bullying não só entristece, mas mata; é uma das
principais causas de suicídio entre os adolescentes.
A memória me conduz ao sentimento que um dia desestimulou tanto minha
participação na escola. Um lugar que me despertava a sensação ruim de estar
sendo foco de comentários, de observações maldosas, de julgamentos e
rotulações. Um ambiente que me exigia um estado de alerta constante para evitar
ser surpreendido e um sentimento de fracasso, de exclusão e de culpa por ser
diferente. A mesma culpa revelada nos confessionários, onde três pais-nossos e
três ave-marias eram suficientes para resgatar a pureza perdida num palavrão
ingênuo e impetuoso. Maldito castigo de um Deus que me fizera diferente para
pagar por pecados que sequer imaginara ter cometido. Maldito controle dos
nossos desejos e condenação do nosso amor.
O bullying só acaba quando a valentia deixar de ser mérito e as
diferenças forem compreendidas como o tempero desse mundo diverso.
Camisinha sempre!
O bullying é gravíssimo!
ResponderExcluirHoje mesmo me vi remoendo fatos de minha infância. Feridas mal cicatrizadas, coisas que a gente passa por cima.
Nunca me tratei com psicólogos, porque infelizmente meus pais desconhecem a gravidade do assutno, e sempre acharam isso uma bobagem.
Penso seriamente em procurar terapia, pois várias vezes me deparo com aquelas imagens voltando à minha cabeça, hoje não com tanta insistência, como no passado, mas ainda presentes, trazidas a tona em momentos de crise pessoal um pouco mais grave.
Apesar de tudo, agradeço por ter sido isolado socialmente, porque meu mundo interior se engrandeceu de maneira espetacular, mas não gostaria que nenhuma criança e/ou adolescente nesse mundo precisasse passar por isso para ter que se tornar uma pessoa melhor.
Por um mundo em que o brilho de todas as estrelas seja igualmente belo.
Eu vivi por 4 (quatro) anos numa escola de padres católicos da Congregação PIME, no Brooklin Paulista. Colégío Meninópolis. Nunca me esquecerei da violência que fui vítima, na maior parte do tempo, mas que também virei algoz de outros, como resultado do aprendizado. Nunca me esquecerei da indiferença de mestres e padres que acreditavam que este ambiente era bom para moldar a personalidade de alunos.
ResponderExcluirNão consigo lembrar de ninguém com carinho nem sentir saudades. Fui vítima de bullying e levei muito tempo para reconhecer isto.
Eu apóio todo e qualquer movimento que seja contrário e combata e mal.