Uma relação de amor e ódio. Entre trancos e barrancos, a TV e o
movimento LGBT se perdem entre aplausos e vaias, exaltações e indignações. Das
novelas à abordagem jornalística; dos programas de humor ao humor da vida real
nos programas mundo-cão, os gays estão na pauta e, consequentemente, nos lares
brasileiros.
Nos últimos anos, o tema
homossexualidade tem circulado não só pelos corredores das TVs, mas também
pelas suas editorias. O universo LGBT já esteve nas lentes da política, da
violência, do turismo, dos direitos, da discriminação, do bizarro, do marginal e
da contra-cultura que desperta tanto o interesse da população e gera audiência.
Aplaudimos a novela que
aborda o amor gay, cobra respeito, revela dores, relações cotidianas e expõe o
debate sobre a orientação sexual e identidade de gênero a quem esteja diante do
aparelho. Assim, o amor entre pessoas do mesmo sexo desperta suspiros em
conservadores telespectadores que torcem para que duas garotas apaixonadas
consigam viver juntas e adotar uma criança; ou que o filho do patrão consiga
vencer seus temores e se revelar apaixonado pelo capataz. Mas, no capítulo
seguinte, essa mesma audiência concorda com a eliminação do casal de lésbicas,
mesmo que seja com o desmoronamento de um shopping center sobre suas cabeças;
ou concorda com a censura ao beijo não trocado entre dois homens, que se amaram
até o último capítulo da novela.
Não é a mídia que faz a
notícia, mas influencia sua interpretação, seja através da abordagem do
assunto, seja da completa desconsideração de sua relevância. Mas, chega um
momento em que ela não tem como ignorar os fatos e a mobilização das paradas,
os assustadores crimes homofóbicos ou o casamento gay, como aprovado na vizinha
Argentina, ganham os holofotes.
A relação entre a
homossexualidade e a TV, principalmente como difusora de valores negativos,
depreciativos e caricatos é o tema da pesquisa à qual se dedicou durante dois
anos o jornalista Irineu Ramos Ribeiro e que resultou no livro "A TV no
Armário", que estará sendo lançado em Belo Horizonte, na SBS (Special
Books Service - Paraíba, 1323) na próxima quinta, dia 22/7, às 18h30. O livro,
ao mesmo tempo em que se debruça sobre os conceitos pós-modernos da Teoria
Queer - que rejeita a heterossexualidade como referência para o normal, nos
revela um outro olhar sobre cenas que fizeram parte da nossa rotina diária
diante da telinha e que digerimos autômatos, sem perceber os danos provocados
pelos seus (pré)conceitos ocultos.
Camisinha sempre!
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