Dezembro de 2008. Cerca de 150 gays, lésbicas, travestis e
simpatizantes se espremem no salão principal da sede do Movimento Gay de Minas
– MGM, em Juiz de Fora, para se despedirem das atividades regulares da ONG
naquele ano. Eu e meu companheiro, Marco Trajano, distribuíamos nossos votos de
boas festas e bom descanso aos amigos já habituados ao recesso do final de ano.
Uma cena sempre regada pela saudade antecipada dos que se despedem, mesmo que
temporariamente.
A diferença é que naquele
ano o MGM não reabriu suas portas e ficou restrito a processos internos durante
todo 2009. Os dois andares do prédio da Rua São Sebastião, misto de refúgio,
militância e lazer para a comunidade LGBT da região da Zona da Mata, ficou
vazio. Serviços de comunicação, assistência jurídica e psicológica, atividades
culturais, o “fervo” das terças e quintas, e inúmeras outras atividades
cotidianas que movimentavam cerca de 500 visitantes por mês naquele espaço
democrático: tudo suspenso.
Se por trás da interrupção
de suas atividades estava uma fase dura de restrições orçamentárias, por outro
lado o MGM tem motivos para se orgulhar: sua estrutura se tornara insuficiente
para garantir a demanda emergente. O sucesso da ONG está na fórmula que une
prestação de serviços, educação entre pares, respeito às diferenças e garantia
de direitos num ambiente acolhedor e de qualidade. Como consequência, àqueles a
quem normalmente se reserva o quartinho dos fundos e os armários passa a ser
oferecida a possibilidade de uma troca de experiências que conduz à construção
de identidades coletivas e ao resgate de valores distantes de nós, como autoestima,
orgulho e solidariedade.
Quase dezoito meses depois,
o MGM anuncia sua reabertura para o dia 17 de abril. Serão retomados os
serviços e a rotina de reuniões semanais que alimentam a exemplar mobilização
da comunidade LGBT local. Um retorno somente possível graças aos recursos
captados durante o último Rainbow Fest, evento que antecede a Parada Gay de
Juiz de Fora, e que cumpre pela primeira vez seu objetivo de, além de promover
direitos, garantir respaldo financeiro aos trabalhos da organização durante o
ano.
Na nota em que comunica a
reabertura do MGM, Marquinho Trajano, renova suas energias e anuncia uma
programação repleta de novidades para 2010, mas, principalmente, revela sua
esperança de que a iniciativa privada reconheça o valor de grupos que combatem
a homofobia e financie as atividades sociais das organizações LGBT.
Camisinha sempre!
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