Minas saltou do sexto para o terceiro lugar entre os Estados mais
homofóbicos
Tudo começou em Belo
Horizonte, quando o saudoso Itamar dos Santos fundou o Grupo Guri e começou a
distribuir camisinhas para os gays da cidade. Já naquela época, estabeleceu-se
uma parceria entre a sociedade civil e o governo, que fez com que Minas Gerais
alçasse voo em importantes instâncias de representação nacionais, tanto no
âmbito da defesa dos direitos LGBT quanto no próprio movimento de luta contra a
Aids, modelo para centenas de outras causas e suas bandeiras.
Essa parceria fez com que,
desde a segunda metade da década de 1980, resultados concretos pudessem ser
auferidos pelos governos do Estado e de dezenas de municípios de Minas, fruto
de um trabalho que reconhece a capilaridade da sociedade civil e sua
competência para alcançar os homossexuais em seus redutos. Uma parceria de
sucesso que ajudava a projetar o Estado, a reduzir custos com a saúde e a fazer
justiça social. Um trabalho em conjunto que se perdeu, diante da dificuldade do
Estado em dialogar com o movimento LGBT e da inatividade dos órgãos públicos
frente à questão.
As consequências dessa
postura podem ser vistas agora, a partir dos dados que acabam de ser divulgados
no tradicional relatório do Grupo Gay da Bahia com os assassinatos de
homossexuais no Brasil em 2009. As 198 vítimas revelam que, a cada 43 horas, ou
seja, menos de dois dias, um cidadão brasileiro homossexual é vítima do
preconceito e perde sua vida.
O silêncio governamental
provocou um crescimento de 75% no número de assassinatos por homofobia: um
crescimento gigantesco se comparado com os 6% da média nacional. Minas saltou
do sexto para o terceiro lugar entre os Estados brasileiros mais homofóbicos.
Foi mais de um assassinato por mês, sendo 78% deles no interior. Em Belo
Horizonte, Uberlândia e Ribeirão das Neves, a homofobia matou duas vezes no ano
passado. Na lista, entram ainda outras oito cidades para completar o quadro
trágico de oito travestis e seis gays assassinados em Minas.
Lamentavelmente, o
governador Aécio Neves e sua equipe vêm ignorando os alertas constantes do
movimento LGBT. E os resultados estão aí: um crescimento assustador dos crimes
homofóbicos; uma quantidade impressionante de denúncias de agressões e
maus-tratos recebidas pelas nossas ONGs, e os preocupantes patamares da
infecção pelo HIV nessa camada da população. Não dá para fingir que não vê.
Camisinha sempre!
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