Na segunda-feira, dia 16 de
novembro, um dia depois do estrondoso sucesso da Parada Gay de Juiz de Fora,
recebo uma ligação da minha mãe preocupada, ansiosa por notícias do Rainbow
Fest. Ela tinha visto uma entrevista minha na TV e, entre uma tarefa e outra,
perdeu detalhes da reportagem, que encerrou contando a briga que teria acontecido
no evento. Esclareci com carinho que a tal briga não tinha acontecido na Parada
e nem no Rainbow Fest, que, apesar de serem eventos abertos, corresponderam à
nossa expectativa e empenho: reduzimos as invasões de alguns indesejados
arruaceiros e os tumultos. Por lá reinou a paz.
A tal briga, retratada na
TV, tinha acontecido no palco do tradicional concurso Miss Brasil Gay, no
ginásio do Sport Club de Juiz de Fora. Em sua 33ª edição, o concurso terminou
em pancadaria, onde identidades de gênero foram para o espaço e a testosterona
gritou, fazendo dos saltos altos armas que pretendiam tirar a limpo o recalque
da derrota e os quilos de argamassa que disfarçavam as barbas cerradas das
misses inglórias.
No momento em que todas as
atenções se voltavam para a miss Espírito Santo, Ava Simões, a terceira
colocada, miss São Paulo, insatisfeita, atacou a vencedora e arrancou sua coroa
e peruca com um safanão. Seguranças e torcedores entraram em cena e o tumulto
foi generalizado, fechando o 33º Miss Brasil Gay com a cortina do vexame.
Somos várias as testemunhas
da luta da organização do Miss Brasil Gay, capitaneada pelo Marcelo do Carmo,
para conseguir realizar o concurso este ano. E o resultado foi belíssimo, a
produção impecável, os shows brilhantes. O comportamento de algumas poucas
pessoas não poderia jamais ter estragado essa festa.
O que as levou a agir assim?
De onde extraíram tanto rancor, a ponto de se deixarem dominar por um
sentimento intenso que foge completamente ao controle da razão? O criminoso foi
frio: teve tempo para pensar, para deixar que a inveja o dominasse, para
desafiar qualquer regra de civilidade e agir.
Quando se confundem valores
como coragem e determinação com atrevimento e arrogância e, para piorar,
arrebanham-se seguidores prontos a aplaudir esses arroubos de selvageria,
assistimos à recorrência de atitudes inconsequentes como a do encerramento do
Miss Gay.
Imagino essa criatura,
depois do concurso, deitando sua cabeça no travesseiro e dizendo para si mesma:
"Eu fiz, eu arranquei a coroa e a peruca dela". E, tentando ver nisso
algum prazer, constata que ampliou sua derrota e continua classificada em
terceiro lugar.
Camisinha sempre!
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