Você já foi à Bahia? E à Parada Gay de lá? Então vá. Como diria
Caymmi, "a Bahia tem um jeito, que nenhuma terra tem!". No final de
semana da Parada, além de tudo, você vai ver uma aquarela com tons que só
existem ali, onde o sol se põe no mar, e que se espalha pelas ruas do Campo
Grande, arrastando milhares de pessoas que invadem o reino de Ivete Sangalo,
Caetano Veloso e Luiz Mott, o antropólogo gay, guardião do movimento LGBT do
Brasil e responsável pela nossa primeira forte emoção nesses dias de Bahia.
Conhecemos o ninho de onde
partem seus alertas, suas cobranças e suas polêmicas. O controverso Professor
Luiz Roberto de Barros Mott vive rodeado de histórias, estatísticas, livros,
teses e de curiosas e valiosas coleções de tudo que se possa imaginar, desde os
raros vasos de cerâmica Weiss até os politicamente incorretos quadros de asas
de borboletas que adornam as paredes de seu oásis incrustado nos Barris,
tradicional bairro de Salvador. Por algumas horas, pudemos mergulhar na
intimidade do fundador do Grupo Gay da Bahia, inspiração para a maioria dos
grupos organizados do Brasil.
Como todas, a Parada Gay de
Salvador também é única. A cor local se faz notar na diversidade de ritmos
musicais, no gigantismo dos trios elétricos nascidos naquelas ruas, nas
mensagens políticas apregoadas em todos os carros, do começo ao fim do
percurso, na voz de militantes que deflagravam assim nossas bandeiras. Lado a
lado, aliados e opositores que souberam entender que a Parada é de todos:
brancos, negros, velhos, jovens, feios e bonitos. Nesse dia, nenhum gay fica
emburrado em casa.
Minas Gerais também tem
feito bonito. Foram mais de 20 paradas somente esse ano, apesar de dificuldades
crônicas como a falta de apoio das prefeituras, os empecilhos criados pelos
religiosos e a invasão de vândalos e homofóbicos em função da pouca atenção
dada à segurança pública, num evento que é aberto e gratuito. Mesmo assim,
temos tido paradas maravilhosas como as mais recentes em Ipatinga, Cataguases e
Uberlândia, sob o comando do Grupo Shama, uma das mais importantes organizações
LGBT de Minas.
Encerrando nosso calendário
anual, acontece amanhã a Parada do Rio de Janeiro e finalmente, no dia 15 de
novembro, em Juiz de Fora, depois do seu adiamento pela gripe suína. O MGM
prepara uma semana repleta de atrações, quando os holofotes se voltam para o
Rainbow Fest e a escolha da Miss Brasil Gay 2009. A partir do dia 12, festas,
shows, seminários, encontros e oficinas prometem transformar a Zona da Mata no
epicentro de um furacão que vem conseguindo derrubar, em poucas horas, séculos
de preconceitos.
Camisinha sempre!
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