segunda-feira, 2 de novembro de 2009

HIV - 24/10/09



25% das pessoas infectadas pelo HIV em todo o mundo ainda são gays. A fria estatística nos convida a tomar uma atitude corajosa frente à epidemia da AIDS que exponha nossos medos e inseguranças, desde a dificuldade em definirmos com precisão os limites do atrevimento em nossas relações sexuais - o que sempre nos causa calafrios no momento de nos submetermos à testagem ou entendermos e assumirmos o quanto o álcool e as drogas estão enfronhados na cultura gay e por que isso acontece.

Estudos do Ministério da Saúde mostram que o perfil do uso de drogas no Brasil vem mudando profundamente nos últimos anos. As drogas injetáveis começam a cair em desuso, o que significa um ganho no trabalho de redução de danos na transmissão de doenças através do compartilhamento de seringas. Mas o crack rouba a cena, e seu uso quase dobra, de 0,4% em 2001 para 0,7%, em 2005.

Além disso, está provado que ele abre as portas para a o HIV: entre usuários de crack, a prevalência é bem maior que na população em geral, chegando a mais de 15% em algumas cidades, como Miami e São Francisco, e 7% em Campinas, o que é preocupante se comparados com os 0,6% da população em geral.

Nem sempre sob efeito de drogas, assistimos à proliferação de praticas sexuais desprotegidas - o bareback - acenando para certo esgotamento do uso do preservativo, o que demanda novas formas de abordagem do tema por parte de todos que estamos envolvidos com ele. O programa brasileiro de prevenção às DTS-Aids se baseia fundamentalmente no preservativo - comprovadamente a única opção segura frente à epidemia, mas é importante reconhecermos a fragilidade cada vez maior de nossos argumentos. Em suma, a informação entra por um ouvido e sai pelo outro.

Os teóricos praticantes do bareback imputam aos cientistas e aos governos a responsabilidade única e exclusiva pela solução da epidemia da Aids e se esquivam do uso do preservativo numa atitude que se pretende política, mas que os coloca diretamente na roleta russa das praticas sexuais desprotegidas. Pouco se conhece sobre o assunto e desconheço estudos que busquem avaliar qualitativamente o que esta por trás disso: que prazer é esse? O que tem levado essas pessoas a se arriscarem tanto?

Nesses 25 anos de epidemia, nosso ambiente social sofreu profundas alterações, mas continuamos aconselhando e distribuindo a camisinha da mesma forma, como aprendemos com os pioneiros brasileiros da luta contra a Aids. Está na hora de avançarmos.

Camisinha sempre!


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