25% das pessoas infectadas pelo HIV em todo o mundo ainda são
gays. A fria estatística nos convida a tomar uma atitude corajosa frente à
epidemia da AIDS que exponha nossos medos e inseguranças, desde a dificuldade
em definirmos com precisão os limites do atrevimento em nossas relações sexuais
- o que sempre nos causa calafrios no momento de nos submetermos à testagem ou
entendermos e assumirmos o quanto o álcool e as drogas estão enfronhados na
cultura gay e por que isso acontece.
Estudos do Ministério da
Saúde mostram que o perfil do uso de drogas no Brasil vem mudando profundamente
nos últimos anos. As drogas injetáveis começam a cair em desuso, o que
significa um ganho no trabalho de redução de danos na transmissão de doenças
através do compartilhamento de seringas. Mas o crack rouba a cena, e seu uso
quase dobra, de 0,4% em 2001 para 0,7%, em 2005.
Além disso, está provado que
ele abre as portas para a o HIV: entre usuários de crack, a prevalência é bem
maior que na população em geral, chegando a mais de 15% em algumas cidades,
como Miami e São Francisco, e 7% em Campinas, o que é preocupante se comparados
com os 0,6% da população em geral.
Nem sempre sob efeito de
drogas, assistimos à proliferação de praticas sexuais desprotegidas - o
bareback - acenando para certo esgotamento do uso do preservativo, o que
demanda novas formas de abordagem do tema por parte de todos que estamos
envolvidos com ele. O programa brasileiro de prevenção às DTS-Aids se baseia
fundamentalmente no preservativo - comprovadamente a única opção segura frente
à epidemia, mas é importante reconhecermos a fragilidade cada vez maior de
nossos argumentos. Em suma, a informação entra por um ouvido e sai pelo outro.
Os teóricos praticantes do
bareback imputam aos cientistas e aos governos a responsabilidade única e
exclusiva pela solução da epidemia da Aids e se esquivam do uso do preservativo
numa atitude que se pretende política, mas que os coloca diretamente na roleta
russa das praticas sexuais desprotegidas. Pouco se conhece sobre o assunto e
desconheço estudos que busquem avaliar qualitativamente o que esta por trás
disso: que prazer é esse? O que tem levado essas pessoas a se arriscarem tanto?
Nesses 25 anos de epidemia,
nosso ambiente social sofreu profundas alterações, mas continuamos aconselhando
e distribuindo a camisinha da mesma forma, como aprendemos com os pioneiros
brasileiros da luta contra a Aids. Está na hora de avançarmos.
Camisinha sempre!
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