Depois de um animadíssimo Carnaval no Brasil, nossa vida volta ao
normal, e 2009 definitivamente começa. Esse ano, o que pudemos ver nas ruas,
nos blocos, de Norte a Sul do país, foram milhares de corpos gays torneados por
incansáveis horas de academia, muitos beijos e a presença fundamental da
comunidade LGBT, com menos medo de se esconder e botando a cara na TV, nas
revistas e entrevistas.
Fica evidente a constatação de que os gays são fundamentais no
sucesso e brilho dessa festa brasileira. A grande maioria dos carnavalescos das
escolas de samba é gay. A grande maioria dos homens desnudos em cima dos carros
alegóricos das escolas ou dos que desfilavam nos blocos, que marcavam presença
nos camarotes, que se encarregaram de fantasias, adereços, de embelezar rainhas
de bateria e destaques, tudo gay, ou no mínimo livre para viver com prazer os
seus momentos de homoliberdade.
Nunca foi diferente, porém, agora, o medo de se mostrar diminuiu e
ser gay parece menos perigoso ou vergonhoso. Pelo contrário, tem sido motivo de
orgulho para muitos que antes se escondiam ou, no mínimo, preferiam não se
expor. Tem gente que acha que ser gay até está na moda, na ilusão de que o
desejo afetivo-sexual das pessoas possa ser atribuído a um modismo, como uma
roupa que você usa e descarta quando a moda passa.
Enquanto nos jogávamos por aqui, curtindo o atrevimento dos beijos
de Daniela Mercury em Alinne Rosa no trio elétrico que puxava os Crocodilos
mais gays da Bahia, na Banda-gay de Ipanema, no Bloco LGBT de Cabo Frio ou no
Sem Preconceito de São João del Rei, que desfraldou a bandeira do arco-íris num
dos mais tradicionais Carnavais de Minas, as atenções do mundo inteiro se
dividiam com a noite de premiação do Oscar 2009 e, mais uma vez, roubamos a
cena. Lindos!
O filme "Milk – A Voz da Igualdade", que, além do prêmio
de melhor ator para Sean Penn, deu ao escritor Dustin Lance Black o de melhor
roteiro original, conseguiu levar a mensagem militante de Harvey Milk, o
primeiro político gay a se eleger num cargo de importância nos EUA, para muito
além das telas do cinema. Por duas vezes a justiça da igualdade de direitos
fez-se ouvir numa das cerimônias mais prestigiadas de todo o mundo. Penn
lembrou o vergonhoso plebiscito de novembro que negou aos gays californianos o
direito à união civil. Black emocionou quando reconheceu em Milk o exemplo que
o permitiu viver abertamente sua homossexualidade e prometeu a todas as crianças
gays e lésbicas um futuro de direitos iguais.
Camisinha sempre!
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