sábado, 7 de fevereiro de 2009

Confuso – 07/02/2009



O movimento LGBT no Brasil se estrutura através de organizações da sociedade civil que nada mais são que associações de pessoas reunidas em torno de ideias e objetivos comuns. No caso, a luta pela promoção da cidadania, defesa de direitos e o combate à homofobia, lutas estas necessárias e fundamentais para que aconteça a emancipação dos homossexuais.

Essas organizações, as tão polêmicas ONGs, apesar de não governamentais, são financiadas com recursos públicos e isso tem sido motivo de muita crítica e discussão. Cumprem funções que deveriam ser executadas pelo Estado que não possui pernas suficientes para atender a todos os grupos sociais em situação de vulnerabilidade. Uma parceria cômoda para ambos os lados, onde o governo entra com os recursos financeiros e as organizações com a capacidade de executar ações que efetivamente alcançam um público inatingível pela máquina estatal.

No nosso caso, isso é bastante claro, na medida em que homossexuais ainda permanecem invisíveis, ocultos sob a capa da homofobia. Nas parcerias que se estabelecem cabe às organizações LGBT importantes tarefas ligadas à prevenção de doenças, defesa de direitos, solução de conflitos decorrentes do preconceito, assistência jurídica, psicológica e social, muitas vezes serviços onde somos negligenciados no sistema convencional oferecido pelo Estado.

São organizações nascidas do espírito altruísta de alguns cidadãos que iniciam esse trabalho pelos mais variados motivos, seja pela indignação diante das injustiças cometidas contra esse segmento, seja pela defesa de direitos que acabarão se revertendo em melhoria da sua própria condição de vida, seja pela solidariedade ao sofrimento de um amigo, de um parente, ou pela ambição de construir um mundo melhor, com menos desigualdades e preconceitos.

Mas não necessariamente líderes. Perpetua-se uma confusão que cobra das pessoas que montam ou trabalham nas ONGs atributos de uma liderança que nem sempre existe e, a bem da verdade, não necessariamente tem que existir. As competências são outras. Ser um executivo do terceiro setor pressupõe características bastante diferentes daquelas que esperamos de nossos líderes. Quando confundimos esses papéis, tiramos o mérito dos gestores das organizações e reduzimos nossas lideranças a administradores burocráticos. Isso quando não exigimos de gestores competência para conduzir um grupo em suas lutas públicas que implicam em mobilizações de massa.

Algumas vezes esses dois papéis coincidem; outras não. O que vemos, porém é que estamos sendo liderados por quem não sabe fazê-lo ou nos submetendo a organizações gerenciadas por líderes que não são gestores. Uma enorme confusão.

Camisinha sempre!


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