O movimento LGBT no Brasil se
estrutura através de organizações da sociedade civil que nada mais são que
associações de pessoas reunidas em torno de ideias e objetivos comuns. No caso,
a luta pela promoção da cidadania, defesa de direitos e o combate à homofobia,
lutas estas necessárias e fundamentais para que aconteça a emancipação dos
homossexuais.
Essas organizações, as tão
polêmicas ONGs, apesar de não governamentais, são financiadas com recursos
públicos e isso tem sido motivo de muita crítica e discussão. Cumprem funções
que deveriam ser executadas pelo Estado que não possui pernas suficientes para
atender a todos os grupos sociais em situação de vulnerabilidade. Uma parceria
cômoda para ambos os lados, onde o governo entra com os recursos financeiros e
as organizações com a capacidade de executar ações que efetivamente alcançam um
público inatingível pela máquina estatal.
No nosso caso, isso é bastante
claro, na medida em que homossexuais ainda permanecem invisíveis, ocultos sob a
capa da homofobia. Nas parcerias que se estabelecem cabe às organizações LGBT
importantes tarefas ligadas à prevenção de doenças, defesa de direitos, solução
de conflitos decorrentes do preconceito, assistência jurídica, psicológica e
social, muitas vezes serviços onde somos negligenciados no sistema convencional
oferecido pelo Estado.
São organizações nascidas do
espírito altruísta de alguns cidadãos que iniciam esse trabalho pelos mais
variados motivos, seja pela indignação diante das injustiças cometidas contra
esse segmento, seja pela defesa de direitos que acabarão se revertendo em
melhoria da sua própria condição de vida, seja pela solidariedade ao sofrimento
de um amigo, de um parente, ou pela ambição de construir um mundo melhor, com
menos desigualdades e preconceitos.
Mas não necessariamente líderes.
Perpetua-se uma confusão que cobra das pessoas que montam ou trabalham nas ONGs
atributos de uma liderança que nem sempre existe e, a bem da verdade, não
necessariamente tem que existir. As competências são outras. Ser um executivo
do terceiro setor pressupõe características bastante diferentes daquelas que
esperamos de nossos líderes. Quando confundimos esses papéis, tiramos o mérito
dos gestores das organizações e reduzimos nossas lideranças a administradores
burocráticos. Isso quando não exigimos de gestores competência para conduzir um
grupo em suas lutas públicas que implicam em mobilizações de massa.
Algumas vezes esses dois papéis
coincidem; outras não. O que vemos, porém é que estamos sendo liderados por
quem não sabe fazê-lo ou nos submetendo a organizações gerenciadas por líderes
que não são gestores. Uma enorme confusão.
Camisinha sempre!
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