29 de janeiro: Dia Nacional de Visibilidade das Travestis. Nesse
dia, em 2001, foi lançada no Congresso Nacional, pelo Programa Nacional
DST-Aids, a inteligente campanha: "Travesti e Respeito – já está na hora
dos dois serem vistos juntos". Uma tentativa de reduzir o preconceito e a
violência que as tornam tão mais vulneráveis ao vírus da Aids e,
principalmente, mudar o nosso olhar em relação a elas. As próprias travestis
colegas ativistas do movimento LGBT e de luta contra a Aids posaram para as
fotos. Revendo hoje o material da campanha, a tristeza de constatar que muitas
já se foram, vítimas exatamente do vírus contra o qual tanto lutaram.
As travestis, em sua batalha, estão sempre nos lembrando o quanto
pequenos detalhes se tornam grandes no respeito e garantia à dignidade humana.
Exigem, por exemplo, serem tratadas no feminino, uma vez que assumem
características identitárias desse gênero. Respeito por parte de uns, quando
Secretarias de Educação estaduais e municipais, universidades e órgãos públicos
decidem tratá-las pelo nome social baixando portarias que surgem a partir de
muita luta e provocadas por uma campanha da Antra (Associação Nacional das
Travestis), ABGLT e vários outros parceiros. Desrespeito por parte de outros,
como a imprensa que insiste em tratá-las no masculino. A notícia ganha um ar
pejorativo, desperta mais interesse, vende mais, mas revela e provoca a mais
pura transfobia.
E quando se fala em banheiros? Apesar da identidade feminina e
suas características, como nome, vestuário e comportamento, as travestis sofrem
com a recusa de muitas mulheres em compartilhar com elas os banheiros públicos.
Vira e meche o assunto volta à tona e gera disputas judiciais desagradáveis,
humilhantes e não raro aparecem soluções estapafúrdias como a criação de um
terceiro banheiro para segregar ainda mais o "terceiro gênero".
Travestis são o alvo preferencial da violência urbana. Em 2008,
representaram metade das vítimas de assassinatos por crime de ódio no Brasil.
São achincalhadas como no caso do jogador Ronaldinho, um homem adulto que nega
ter saído de casa com a intenção de extravasar suas fantasias com algumas
travestis. Preferiu o papel de bobo, dizendo-se enganado pelas meninas e
alegando desconhecer que eram travestis. Depois de tudo, foi à mídia pedir
desculpas.
Travestis não arrumam emprego, mas despertam em alguns homens um
fascínio erótico-pornográfico que as fazem sucesso no mercado da prostituição.
Lutam desde o momento que acordam, enfrentando a censura nos olhares, as
piadinhas intolerantes ou gestos enojados.
Travestis são a certeza de que nossa identidade se realiza quando
somos o que realmente desejamos.
Camisinha sempre!