De
onde vem a incrível capacidade que temos de nos reinventar, de renascermos para
a vida diante dos problemas e essa vontade impiedosa de não sermos mais aquele
que éramos ontem? Definitivamente, nascemos camaleões que avaliam o ambiente,
percebem novas nuances e mudam de cor. É isso que nos impulsiona, nos remove da
inércia e nos leva a continuar a viver a vida do jeito que dá, pois a natureza
é assim e, bem ou mal, somos parte dela.
Nesses
dias, reinventar tem sido a palavra de ordem. Tanto para aqueles que se voltam
para as tempestades abstratas provocadas pelo estouro de uma bolha invisível
que revela a fragilidade de uma economia efêmera, onde os números se evaporam e
governos e empresários parecem estar "sentados na calçada, de canudo e
canequinha". Ou para aqueles que efetivamente vêem suas vidas serem
carregadas pelas águas de uma tempestade concreta, formada por chuva, lama,
lixo e tristeza, que arrasta sonhos, patrimônios e vidas.
A
primeira, uma crise econômica que nos tem sido imposta goela abaixo na pressão
da mídia, dos poderosos, do capital. Uma crise que implica num novo
posicionamento de governos e líderes e onde os cidadãos comuns aguardam
atônitos o xeque-mate que irá lhes arrancar mais uma vez suas migalhas. A
segunda, a tragédia anual anunciada, em que as nuvens de verão castigam a terra
e arrastam vidas, geladeiras e televisores. Alguns, entretanto, não sabem como
mudar e assistem a vida passar. Não reagem diante do novo ou esqueceram-se de
construir um plano B. Atônitos diante de caminhos que mudam, quando o
ser-humano-camaleão precisa trocar de pele, de rumo, de cor. Não sei se isso se
aprende ou faz parte de nossa herança genética, mas o fato é que essa
capacidade tem sido fundamental para que ainda estejamos aqui, construindo esse
planeta com cara de gente.
Mudar
é humano. Implica em buscar no nosso âmago forças que desconhecemos e nunca
soubemos que tínhamos. De onde tiramos tanta determinação para superarmos obstáculos
intransponíveis e nascermos de novo? Como conseguimos, depois de tanta dor, de
tantas decepções, derrotas ou intempéries, despertar para um novo dia, rever
nosso sol e nossos horizontes, olhá-los como se nunca tivéssemos sido aquecidos
pelo seu calor ou como se a linha que encontra céu e terra acabasse de ser
desenhada?
O
dia seguinte não nos espera para nascer. Cada manha existe independente de como
nós a recebemos. Quer tenhamos ou não nos preparado, 2009 chegou. E chegou para
renovar, exigindo de nós atitude e forças para abrir os olhos e encará-lo.
Afinal, esse é o mundo que temos, que construímos e que precisamos reinventar.
Camisinha
sempre!
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