sábado, 24 de janeiro de 2009

Profissionais – 24/01/2009


Diferente das décadas passadas, quando o voluntariado era a base de um movimento social caracterizado por entidades filantrópicas em sua maioria, hoje, as organizações do terceiro setor se inserem no bolo da economia de mercado e disputam com as grandes empresas espaço, profissionais e recursos, de forma a garantir a qualidade dos seus serviços e produtos, sejam eles de "advocacy" ou de assistência direta ao seu público alvo. Ninguém quer se unir a perdedores e o tempo da improvisação e do amadorismo passou, inclusive para a sociedade civil organizada.

Os empregos gerados pelas organizações não governamentais passam a fazer diferença no cenário de escassez de oportunidades e se tornam uma alternativa sólida para engrossar o mercado de trabalho. O que já é uma realidade nos países da Europa e da América do Norte vem se tornando cada vez mais forte no Brasil, onde cerca de 250 mil organizações chegam a empregar cerca de 1,5 milhão de pessoas, sejam autônomos, celetistas, estagiários, aprendizes, que se somam ao imprescindível e valoroso trabalho voluntário.

Administradores, comunicadores, assistentes sociais, advogados, psicólogos, professores, médicos, produtores culturais e artistas têm encontrado nesse segmento uma grande oportunidade de desenvolverem um trabalho que, além de garantir seu sustento, é acrescido de uma realização pessoal que poucas, ou quase nenhuma empresa privada consegue. As atividades do terceiro setor se fundam numa causa, na defesa de bandeiras que garantem a sensação do dever cumprido, do mutirão social que constrói nossa nação.

Com a militância LGBT isso não é diferente. Apesar da relutância de alguns puristas que ainda acreditam no romantismo da dedicação voluntária única e simples como alicerce da defesa dos direitos dos gays e promoção da sua inclusão social, uma parte significativa das ONGs que atuam nessa área já percebeu que as atividades de captação de recursos, relações públicas, conquista de espaço, legislações e inclusão no orçamento público exigem profissionais bem remunerados. A construção de uma nova imagem dos homossexuais não pode ser desenvolvida por amadores ou profissionais insatisfeitos com seus salários.

Organizações vitoriosas e bem administradas, porém, não são uma exigência somente dos tradicionais financiadores, como o governo em suas três esferas – municipal, estadual ou federal -, mas dos grandes doadores internacionais e da iniciativa privada, preocupada com o seu balanço social de final de ano. Acima disso, porém, é uma exigência da comunidade LGBT, sempre crítica e fiscal atenta a uma boa aplicação dos recursos que são investidos na melhoria de suas condições de vida e nas conquistas de direitos e do respeito que nos tem sido negado há tantos anos.

Camisinha sempre!


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