Diferente das décadas passadas, quando o voluntariado era a base
de um movimento social caracterizado por entidades filantrópicas em sua
maioria, hoje, as organizações do terceiro setor se inserem no bolo da economia
de mercado e disputam com as grandes empresas espaço, profissionais e recursos,
de forma a garantir a qualidade dos seus serviços e produtos, sejam eles de
"advocacy" ou de assistência direta ao seu público alvo. Ninguém quer
se unir a perdedores e o tempo da improvisação e do amadorismo passou,
inclusive para a sociedade civil organizada.
Os empregos gerados pelas organizações não governamentais passam a
fazer diferença no cenário de escassez de oportunidades e se tornam uma
alternativa sólida para engrossar o mercado de trabalho. O que já é uma
realidade nos países da Europa e da América do Norte vem se tornando cada vez
mais forte no Brasil, onde cerca de 250 mil organizações chegam a empregar
cerca de 1,5 milhão de pessoas, sejam autônomos, celetistas, estagiários,
aprendizes, que se somam ao imprescindível e valoroso trabalho voluntário.
Administradores, comunicadores, assistentes sociais, advogados,
psicólogos, professores, médicos, produtores culturais e artistas têm
encontrado nesse segmento uma grande oportunidade de desenvolverem um trabalho
que, além de garantir seu sustento, é acrescido de uma realização pessoal que
poucas, ou quase nenhuma empresa privada consegue. As atividades do terceiro
setor se fundam numa causa, na defesa de bandeiras que garantem a sensação do
dever cumprido, do mutirão social que constrói nossa nação.
Com a militância LGBT isso não é diferente. Apesar da relutância
de alguns puristas que ainda acreditam no romantismo da dedicação voluntária
única e simples como alicerce da defesa dos direitos dos gays e promoção da sua
inclusão social, uma parte significativa das ONGs que atuam nessa área já
percebeu que as atividades de captação de recursos, relações públicas,
conquista de espaço, legislações e inclusão no orçamento público exigem
profissionais bem remunerados. A construção de uma nova imagem dos homossexuais
não pode ser desenvolvida por amadores ou profissionais insatisfeitos com seus
salários.
Organizações vitoriosas e bem administradas, porém, não são uma
exigência somente dos tradicionais financiadores, como o governo em suas três
esferas – municipal, estadual ou federal -, mas dos grandes doadores
internacionais e da iniciativa privada, preocupada com o seu balanço social de
final de ano. Acima disso, porém, é uma exigência da comunidade LGBT, sempre
crítica e fiscal atenta a uma boa aplicação dos recursos que são investidos na
melhoria de suas condições de vida e nas conquistas de direitos e do respeito
que nos tem sido negado há tantos anos.
Camisinha sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por deixar seu comentario.