sábado, 8 de novembro de 2008

O novo – 08/11/2008



Os ares que sopram do norte chegam ao hemisfério sul: Barack Obama é o novo, o primeiro, o pioneiro presidente dos Estados Unidos da América. Representa o resgate do sonho norte-americano de prosperidade e mobilidade social. Um presidente que chega exatamente num momento em que o mundo inteiro se movimenta para sobreviver a uma crise provocada pelo capitalismo norte-americano e que, mais uma vez, parece sair fortalecido. Apesar de tudo, a vitória de um cidadão negro para a Casa Branca alimenta a ilusão de ascensão social e surge como a panacéia que irá resolver todos os problemas do mundo, até mesmo o racismo que permeia a história daquele país.

No mesmo dia 4 de novembro, enquanto elegiam seu presidente democrata – que não se esqueceu de agradecer aos gays em seu discurso da vitória -, os cidadãos da Califórnia aprovaram por 52,5% a 47,5% a Proposição 8, que modifica sua Constituição e restringe o reconhecimento do Estado aos casamentos entre um homem e uma mulher. Por trás disso está uma campanha milionária patrocinada por grupos religiosos e o apoio maciço dos homens e mulheres negros: 75% deles votaram contra os gays.

Obama esteve ao nosso lado em relação à Proposição 8. Ele defende que não cabe ao Estado interferir na forma como se darão os casamentos: isso é um problema das igrejas. Para ele, cabe ao Estado garantir os mesmos direitos a todos os casais, sejam gays ou não.

Nesse curto período em que vigorou na Califórnia – desde maio de 2008, quando a Suprema Corte decidiu permitir a união civil entre homossexuais -, 18 mil casais oficializaram sua relação, numa surpreendente média de 3.000 por mês. Agora, enquanto grupos militantes entram na Justiça contra a emenda à Constituição que restringe seus direitos, em Los Angeles e São Francisco milhares de pessoas saem às ruas em protesto contra a decisão, revivendo tempos de confronto com a polícia, corre-corre e prisões.

A derrota dos gays na Califórnia mostra que nem todos os norte-americanos se sentem corajosos o suficiente para apostar no novo e o quanto é mais difícil vencer a homofobia. A grandiosa vitória de Obama, por sua vez, revela que estamos mais fortes que eles e que, apesar dos conservadores da Califórnia, estamos diante de um importante avanço na luta contra o preconceito e pela igualdade de direitos.


Camisinha sempre!

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