Os ares que sopram do norte chegam ao hemisfério sul: Barack Obama
é o novo, o primeiro, o pioneiro presidente dos Estados Unidos da América.
Representa o resgate do sonho norte-americano de prosperidade e mobilidade
social. Um presidente que chega exatamente num momento em que o mundo inteiro
se movimenta para sobreviver a uma crise provocada pelo capitalismo
norte-americano e que, mais uma vez, parece sair fortalecido. Apesar de tudo, a
vitória de um cidadão negro para a Casa Branca alimenta a ilusão de ascensão
social e surge como a panacéia que irá resolver todos os problemas do mundo,
até mesmo o racismo que permeia a história daquele país.
No mesmo dia 4 de novembro, enquanto elegiam seu presidente
democrata – que não se esqueceu de agradecer aos gays em seu discurso da
vitória -, os cidadãos da Califórnia aprovaram por 52,5% a 47,5% a Proposição
8, que modifica sua Constituição e restringe o reconhecimento do Estado aos
casamentos entre um homem e uma mulher. Por trás disso está uma campanha
milionária patrocinada por grupos religiosos e o apoio maciço dos homens e
mulheres negros: 75% deles votaram contra os gays.
Obama esteve ao nosso lado em relação à Proposição 8. Ele defende
que não cabe ao Estado interferir na forma como se darão os casamentos: isso é
um problema das igrejas. Para ele, cabe ao Estado garantir os mesmos direitos a
todos os casais, sejam gays ou não.
Nesse curto período em que vigorou na Califórnia – desde maio de
2008, quando a Suprema Corte decidiu permitir a união civil entre homossexuais
-, 18 mil casais oficializaram sua relação, numa surpreendente média de 3.000
por mês. Agora, enquanto grupos militantes entram na Justiça contra a emenda à
Constituição que restringe seus direitos, em Los Angeles e São Francisco
milhares de pessoas saem às ruas em protesto contra a decisão, revivendo tempos
de confronto com a polícia, corre-corre e prisões.
A derrota dos gays na Califórnia mostra que nem todos os
norte-americanos se sentem corajosos o suficiente para apostar no novo e o
quanto é mais difícil vencer a homofobia. A grandiosa vitória de Obama, por sua
vez, revela que estamos mais fortes que eles e que, apesar dos conservadores da
Califórnia, estamos diante de um importante avanço na luta contra o preconceito
e pela igualdade de direitos.
Camisinha sempre!
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