sábado, 1 de dezembro de 2007

A ordem do progresso – 01/12/2007


É… Os dramas da nossa comunidade continuam. As dores continuam doendo e quase ninguém acorda para o mundo novo que se apresenta. Ao final da primeira década do século XXI ainda encontramos pessoas buscando as soluções de seus problemas no misticismo, no intangível, no "mistério da fé" que nos cega e engessa.
Para esses, o negócio é andar para trás. Ainda não conseguiram perceber que, apesar de toda a resistência à evolução pregada pelos que têm interesse em conservar o poder e as decisões em suas mãos, os costumes não pedem autorização para evoluir. Eles simplesmente vão. Poderia ser mais rápido, menos doloroso, mas existem pessoas que ainda acreditam que, ao adotarem um estilo conservador, fazem o bem à humanidade. Ou nos despimos da resistência à evolução e nos adaptamos ao novo, ou cedemos ao conservadorismo que, de tanto se opor às mudanças, acaba louvando o retrocesso.
É esse o equívoco dos conservadores. Afinal, conservar o quê? O que pensavam nossos antepassados, cujas ideias eram muitas vezes vanguarda para a cultura da época, mas que hoje não passam de coisas do passado? Ou conservar tudo do jeito que está hoje, de forma que o poder permaneça com os poderosos e sua influência se perpetue até quando conseguirem "segurar o osso"? Ou será que o que está falando mais alto é a covardia, o medo e a insegurança em relação ao novo? Ao final, o que interessa é manter a massa sob controle, conformada com sua subserviência, inativa diante da busca de soluções concretas que definitivamente só se conquistam com lutas, ampliação de direitos, participação política, contestação e organização em torno de ideais comuns.
O que temos visto hoje é uma enorme parcela da população voltada para o sobrenatural, buscando ali as respostas para suas angústias que, de sobrenatural não têm nada. Pessoas que buscam consolo para os seus problemas, em vez de soluções. Pessoas que tentam vislumbrar a luz no fim do túnel, com os olhos fechados e a cabeça baixa em oração. Pessoas que se submetem e se deixam guiar incontestes por incautos, em troca de migalhas de esperanças. Pessoas, cujas ideias se sustentam em jurássicos fundamentos orientadores do comportamento de nossos antepassados, há 2.000 mil anos.
Onde está o nosso progresso? Onde podemos encontrar pessoas que se preocupem em se aperfeiçoar, em superar suas deficiências, como forma de garantir que as próximas gerações não precisem lutar contra sentimentos baixos como o preconceito, a discriminação ou não precisem se submeter à dominação pelo medo e pela culpa? Quantos degraus galgamos para que os jovens de amanhã deem início à sua trajetória já alguns passos à frente?
É assustador assistir a um contingente tão grande de pessoas entregando as decisões sobre os rumos de suas vidas nas mãos de espertalhões, talentosos picaretas, influentes golpistas, "Gersons" que construíram sua aparente sapiência em filosofias de botequins e que se fundamentam na ideia de que se deve levar vantagem em tudo, certo?
Paira no ar um clima de desilusão que acaba imobilizando os que acreditam que é pra frente que se anda. Esse sentimento nos recolhe ao nosso mundinho, nos faz chutar o balde e largar pra lá nossos sonhos e ideais. E assim, fortalecemos um processo de "inconscientização" que se alastra como praga e atinge não só o nosso universo próximo, como os grupos onde nos organizamos, sejam eles a associação de bairro, o grêmio estudantil, os sindicatos ou as famigeradas organizações religiosas. Ele alcança também instâncias mais distantes, como as três esferas públicas, infestadas de gafanhotos e ervas daninhas, sugando a seiva da nossa nação para seus próprios bolsos.
Interesses individuais sobrepondo-se ao coletivo. Uma inacreditável inversão de valores onde os honestos se calam e os desonestos recebem todo o apoio em troca de benefícios imediatos que se esgotam em si mesmo e não constroem. Situações surreais, onde os bandidos acolhem, orientam, resolvem, enquanto os que existem exatamente para encontrar soluções se calam e se acovardam, louvando seus rabos presos.
E, a partir dessa visão pequena da nossa existência e razão de ser, o amor perde o sentido e se torna instrumento de discriminação, sendo hierarquizado por aqueles incapazes de entender que não existe uma escala que classifique seu amor como mais sagrado, mais abençoado ou mais legítimo que o nosso.
Camisinha sempre!

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