Tenho acompanhado de perto todo esse imbróglio da campanha de prevenção às DST-Aids do Ministério da Saúde para o Carnaval 2012, que decidiu focar os jovens gays. Em boa hora! A situação da infecção do HIV entre os gays é demasiado séria para ser ignorada: a prevalência ultrapassa os 10%, enquanto na população em geral não chega a 1%. Nos últimos cinco anos, a Aids entre os gays na faixa de 15 a 24 anos cresceu cerca de 20%. Escolas, famílias e políticas públicas têm ignorado solenemente a existência desses rapazes e o tamanho dessa encrenca.
As campanhas do Ministério da Saúde procuram destacar as especificidades daqueles segmentos da população que se encontram mais expostos ao HIV e dar holofote à vulnerabilidade provocada pelo preconceito e pela negação de seus direitos. Assim, já estiveram em destaque as mulheres, a população negra, as pessoas idosas, as jovens, entre outros.
Como faz habitualmente, ainda no final de 2011, o Ministério constituiu um grupo de trabalho composto por especialistas em prevenção, técnicos em comunicação, representantes da sociedade civil, dos jovens e do movimento gay, que acertaram qual seria o segmento prioritário e as estratégias de comunicação.
Decidiu-se por uma campanha que fosse clara o bastante sem ser vulgar, em que os jovens gays se enxergassem sem estereótipos, que falasse de camisinha, da necessidade de portá-la e de não se esquecer de usá-la. Era importante tomar cuidado com os atores e sua interpretação para não haver dúvidas de que eram gays e que a relação deles chegaria à necessidade do preservativo.
Com essas orientações, abriu-se um processo de licitação em que 12 propostas criativas foram analisadas antes da escolha final. A partir daí, o Ministério realizou dez grupos focais com jovens, gays e heteros, onde se ajustaram detalhes da criação e se fizeram recomendações e alertas.
Não é a primeira vez que os jovens gays são alvos da campanha da Aids. O Ministério da Saúde já produziu filmes que contemplavam os gays em 2007 e 2010, sempre dividindo o foco principal com outros jovens.
Lamentavelmente, quase ninguém viu esses filmes, uma vez que a grade de programação era pequena e concentrava-se em horários de baixa audiência, ao contrário da versão heterossexual, destacada nos horários nobres.
A perplexidade diante da suspensão da divulgação do vídeo lançado pelo ministro Padilha, no último dia 2, revela que a homofobia institucional não escolhe ideologia e que o que orienta as decisões governamentais são acordos políticos e interesses eleitorais, mesmo que isso custe vidas e imploda toda uma política de saúde pública democrática, construída com base em evidências.
Camisinha sempre!
Ops pai... gostei da liberdade, não tenha medo das retaliações governamentais! Livre-expressão acima de tudo! Parabéns!! Cutuca mesmo a ferida!
ResponderExcluirDilma toma la da cá. Evidenciou isso nos últimos meses. Não é diferente. É igual ao que há de pior em Brasília
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