sábado, 24 de dezembro de 2011

L-G-B-T - 24/12/2011



O movimento LGBT chega ao fim de 2011 com mais dúvidas do que soluções. Num ano em que nossas energias se voltaram para a defesa aos ataques de evangélicos raivosos e descontrolados, dedicamos tempo demais a re-explicar o óbvio, revertendo para o campo da razão valores como solidariedade, amor, compaixão, respeito; deturpados conforme os interesses de religiosos cafajestes. Fomos declarados inimigos número um dos fundamentalistas e tivemos nossa cidadania jogada na sarjeta em templos neo pentecostais, na TV e em lavagens cerebrais coletivas, como as marchas religiosas e os shows de músicas gospel.

Na defensiva, fechamos o ano com uma segunda conferência LGBT, onde o que menos fez sentido foi a junção dessas quatro letras, independente de sua ordem: GLBT, como queriam os gays; LGBT como querem as lésbicas; TLGB, como almejaram e perderam as travestis e transexuais. As lésbicas, em maior número na conferência, parte delas identificadas também com os bissexuais, fecharam questão sobre a inclusão de referências explícitas às mulheres lésbicas, à lesbianidade e à "lesbofobia" sempre que se falasse em homossexualidade e homofobia.

Outros grupos reivindicaram o mesmo direito, o que gerou textos esdrúxulos com destaques para recortes que sequer eram o tema central da conferência e que empurraram a orientação sexual e a identidade de gênero para um segundo plano, senão o último. Raça, etnia, credo, sexo, idade, territorialidade, foram incorporados a cada referência, antes mesmo da orientação sexual e identidade de gênero. Assim também, os termos racismo, sexismo, machismo e dezenas de outras formas de preconceito, entre elas o "capacitismo", que é o preconceito contra as pessoas julgadas incapazes por serem portadoras de necessidades especiais. Entre tantos excluídos a clamar pela lembrança de seu motivo de exclusão, a homofobia quase fica de fora.

A cada encontro LGBT é mais evidente a distância entre gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, díspares tanto em termos de organização e grau de conquistas de direitos, quanto de políticas públicas específicas. Isso aponta para uma transformação substancial no movimento homossexual. A necessidade de se marcar território tem nos tornado mais fracos e expostos a dificuldades que esses subgrupos enfrentam para se manterem juntos.

A luta pelos holofotes mais uma vez deixa no escuro os nossos verdadeiros inimigos, aqueles que definitivamente nos excluem e defendem o direito de não serem criminalizados por seus ataques e ofensas. Ou obstruem as políticas públicas que poderiam fazer valer os nossos.

Camisinha sempre!

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