sábado, 26 de novembro de 2011
Segurança - 26/10/2011
Direitos Humanos, Justiça e Segurança Pública se uniram para propor um acordo de cooperaçao com os estados brasileiros para o combate à homofobia. Com a presença do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário e representantes das secretarias de segurança de Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará, o acordo foi assinado na terça-feira, dia 22. Nao estiveram presentes na cerimonia de assinatura do acordo, importantes centros onde a violência homofóbica se manifesta, como Minas Gerais, Sao Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e a Bahia, há seis anos o estado onde mais se mata homossexuais no Brasil.
O documento pactuado prevê açoes de capacitaçao de policiais para lidar sem preconceitos com as ocorrências que envolvem crimes de ódio. A Secretária Maria do Rosário reconhece como um dos principais desafios a serem enfrentados, o combate à homofobia institucional, aquela que dificulta o acolhimento de gays, lésbicas, travestis e transexuais nos serviços públicos, como saúde, educaçao, segurança pública e justiça.
A temática LGBT deverá fazer parte dos cursos de formaçao inicial e continuada dos policiais, como forma de esclarecê-los e evitar que ajam com base em conceitos generalistas e pré-concebidos e respeitem os cidadaos a quem devem proteger, mesmo que suas idéias e visao de mundo sejam discordantes.
O acordo se propoe a implantar uma das mais simples e importantes idéias para a geraçao de estatísticas oficiais sobre crimes homofóbicos no Brasil que é a inclusao de campos específicos sobre o tema nos boletins de ocorrencia policial. Isso possibilitará uma apuraçao precisa e oficial sobre o assunto.
Até o momento, os números que nos colocam na triste liderança mundial de crimes homofóbicos sao apurados pela sociedade civil, mais precisamente pelo Grupo Gay da Bahia. A inclusao da homofobia nos boletins de ocorrência, nos dará uma dimensao oficial e ampliada da violencia homofóbica e nao somente os extremos. 160 homossexuais já foram assassinados no Brasil em 2011, o que nos faz perder um cidadao homossexual brasilerio a cada 36 horas!
sábado, 19 de novembro de 2011
Benetton - 19/11/2011
A ideia de se colocar no ar uma campanha que exibisse os grandes líderes mundiais trocando afeto com seus inimigos era pequena para as pretensões da Benetton. Uma mensagem que levantasse a hipótese de uma conciliação entre os maiores adversários políticos e religiosos do planeta certamente angariaria a simpatia da população. A possibilidade de se utilizar efeitos especiais para colocar lado a lado, afetuosamente, os grandes inimigos da nossa era poderia chamar a atenção para a estratégia da marca, além de fomentar a tolerância. Mas, isso ainda era pouco.
Na tarde de quarta-feira, Alessandro Benetton, vice-presidente do grupo, apresentava ao mundo, diretamente da Boulevard Hausmann Paris a campanha "Unhate" (não odeie) que estará orientando suas ações de marketing: a cultura do ódio não é inevitável; o mundo pode ser diferente.
Roma, Paris, Nova York, Tel Aviv e Milão foram palco de uma série de "ações de guerrilha" onde as polêmicas fotos ocuparam, uma após outra, as vitrines das lojas e o próprio espaço urbano. Mesmo assim, para a Benetton e o fotógrafo Oliviero Toscani - o mesmo que já provocara frisson nos anos 90 com a foto de uma sedutora freira aos beijos com um padre - era preciso mais que derrubar as barreiras entre os maiores adversários do mundo: era preciso que Barack Obama, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel, Benedictus XVI e outros não menos importantes aparecessem beijando a boca de seus desafetos, o que joga pimenta no que poderia ser uma mera mensagem pacifista romântica.
Em poucos minutos as fotos tomaram o mundo. Assustado, o Vaticano reagiu e exigiu que o beijo entre o Papa Bento XVI e o imã sunita Ahmed Mohamed el-Tayeb fosse retirado do ar sob o argumento de que as imagens eram "ofensivas não apenas para a dignidade do papa e da Igreja Católica, mas também para a sensibilidade dos fiéis".
A Benetton arriscou. Sua campanha poderia ser suspensa horas após o lançamento e ela devia estar preparada para acatar as tentativas de impedir sua veiculação. Entretanto, instantaneamente as imagens deixaram de obedecer a um simples plano de mídia e sua distribuição passou ao comando de milhões de internautas conectados. O beijo homoafetivo entre Bento XVI e Ahmed El-Tayeb, ou entre Obama e Hugo Chaves ou mesmo o beijo heterossexual entre o presidente francês Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, não pertenciam mais à empresa.
Quando a Benetton temperou sua campanha de combate à cultura do ódio com o beijo gay, ela sabia que bastariam alguns minutos para que sua iniciativa deixasse de ser só sua e fosse assumida por todos. E isso definitivamente não foi pequeno.
Na tarde de quarta-feira, Alessandro Benetton, vice-presidente do grupo, apresentava ao mundo, diretamente da Boulevard Hausmann Paris a campanha "Unhate" (não odeie) que estará orientando suas ações de marketing: a cultura do ódio não é inevitável; o mundo pode ser diferente.
Roma, Paris, Nova York, Tel Aviv e Milão foram palco de uma série de "ações de guerrilha" onde as polêmicas fotos ocuparam, uma após outra, as vitrines das lojas e o próprio espaço urbano. Mesmo assim, para a Benetton e o fotógrafo Oliviero Toscani - o mesmo que já provocara frisson nos anos 90 com a foto de uma sedutora freira aos beijos com um padre - era preciso mais que derrubar as barreiras entre os maiores adversários do mundo: era preciso que Barack Obama, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel, Benedictus XVI e outros não menos importantes aparecessem beijando a boca de seus desafetos, o que joga pimenta no que poderia ser uma mera mensagem pacifista romântica.
Em poucos minutos as fotos tomaram o mundo. Assustado, o Vaticano reagiu e exigiu que o beijo entre o Papa Bento XVI e o imã sunita Ahmed Mohamed el-Tayeb fosse retirado do ar sob o argumento de que as imagens eram "ofensivas não apenas para a dignidade do papa e da Igreja Católica, mas também para a sensibilidade dos fiéis".
A Benetton arriscou. Sua campanha poderia ser suspensa horas após o lançamento e ela devia estar preparada para acatar as tentativas de impedir sua veiculação. Entretanto, instantaneamente as imagens deixaram de obedecer a um simples plano de mídia e sua distribuição passou ao comando de milhões de internautas conectados. O beijo homoafetivo entre Bento XVI e Ahmed El-Tayeb, ou entre Obama e Hugo Chaves ou mesmo o beijo heterossexual entre o presidente francês Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, não pertenciam mais à empresa.
Quando a Benetton temperou sua campanha de combate à cultura do ódio com o beijo gay, ela sabia que bastariam alguns minutos para que sua iniciativa deixasse de ser só sua e fosse assumida por todos. E isso definitivamente não foi pequeno.
sábado, 12 de novembro de 2011
Boa noite - 12/11/2011
No último sábado, meus leitores habituais releram uma coluna que fora originalmente publicada em dezembro de 2010. Essa foi a solução encontrada pelos editores do Magazine GLS, uma vez que, até o fim da sexta-feira, minha coluna inédita do dia seguinte não havia chegado à redação. Sem respostas às tentativas de me alcançar, reprisaram um dos meus escritos, aliás, bem a propósito.
Os colegas não sabiam que, desde quinta-feira à noite, eu estava desacordado em meu apartamento em Brasília, sob efeito de soníferos, vítima de um manjado golpe conhecido como "Boa Noite, Cinderela". Fui socorrido por parentes no sábado e somente na segunda-feira pude fazer um balanço dos prejuízos causados pelo bandido.
Era uma quinta-feira rotineira e eu terminaria o meu dia mergulhado nas ondas da internet até o sono chegar. O contato chegou por volta das 18h, via mensagem no celular e me pareceu uma excelente ideia para quebrar a mesmice. Assim, aceitei o convite de um pretenso novo amigo para um chop no fim da tarde.
Foram duas ou três cervejas até que tudo se apagasse. Até aí o assunto girou em torno de trabalho, carreira, viagens e só voltei a perceber o que acontecia ao meu redor no sábado. Não sei como cheguei em casa, não sei o que disse, os comandos que recebi ou as informações que forneci. Os prejuízos materiais poderiam ter sido maiores; as conseqüências para a minha vida, ainda mais.
No domingo à tarde, publiquei um resumo do ocorrido na internet e deu-se início a uma emocionante enxurrada de manifestações de solidariedade e préstimos diante do incidente. Alguns, entretanto, foram críticos e consideraram que me expus demais ao denunciar minha própria fragilidade.
Ao resumir essa história e torná-la pública, quero convidá-los a refletir sobre nossas vulnerabilidades. A novidade que me atraiu não deveria significar risco. Conhecer novas amizades não é por natureza um ato perigoso, mas pode tornar-se. A vida continua tensa e não dá para baixar a guarda, relaxar ou desviar o olhar do seu copo.
Encontros entre homens homossexuais continuam clandestinos e, mesmo que não tenha sido esse o caso, pairava no ambiente um pressuposto de impunidade. O bandido tinha todo um enredo engendrado e, sob o efeito de drogas, minhas reações seguiam suas previsões.
Amplificadas pela culpa, as dores da alma deprimem e o arrependimento dilacera. Afortunado, continuo vivo. Poderia não.
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