Outro dia, fui alcançado por um comercial de TV em que o jogador Neymar passeia por uma praia paradisíaca e faz uma declaração de amor e reconhecimento a um outro homem: seu pai. A direção e o texto do anúncio são primorosos. O jogador aparenta naturalidade, e a troca de afeto entre os dois expõe a perpetuação de uma intimidade física que remonta à infância e que permanece entre os dois adultos. Pai e filho. Amigos.
Alguns dias depois, fui
atingido por outra cena, desta vez, jornalística. Dois homens vítimas de
agressões homofóbicas. Em São João da Boa Vista, a 225 km de São Paulo, durante
uma exposição agropecuária, pai e filho foram barbaramente agredidos por sete
trogloditas que não entenderam as manifestações de afeto entre os dois. Os
marmanjos julgaram que fosse um casal gay pelo fato de andarem abraçados. Ambos
ficaram com o corpo repleto de escoriações, e o pai, que preferiu o anonimato e
apareceu somente em silhueta na reportagem, teve parte da orelha decepada por
uma mordida.
As duas situações envolvem
afeto entre homens adultos, no caso, pai e filho. Ambos estavam felizes,
compartilhando um momento de carinho com seu camarada. No comercial, foi
possível explicar o significado daquela ternura; na vida real, não. Na praia,
um pai orgulhoso ao lado do filho; no jornal, um pai ferido que prefere se
esconder.
Os dublês de religiosos e
políticos dizem que não precisamos de uma lei que criminalize a homofobia, que
queremos privilégios. Muitas vezes, ouvimos aqueles que nos condenam repetirem
que a lei que torna crime o preconceito contra os gays deve ter um texto mais
suave. Pastores, padres, deputados e senadores negociam concessões que
inocentem os religiosos midiáticos que, em nome de seu credo, incitam a
violência contra os homossexuais. Contra os homossexuais? Bem, foi preciso que
um pai carinhoso perdesse uma orelha para que a população entenda que a
intolerância homofóbica não atinge somente os gays.
Uma sociedade que admite o
preconceito contra os homossexuais como parte de sua cultura e se cala diante
de agressões como essa está arriscada à naturalização dos confrontos e ao seu próprio fim.
Não é quando o amor entre
dois homens se manifesta que a família é colocada em risco. A família corre
perigo quando o afeto entre pai e filho se torna motivo para uma agressão.
Mesmo que por engano.
Camisinha sempre!
Camisinha sempre!
talvez seja o caso de pais 'religiosos' não demonstrem afeto pelos filhos, se por vergonha ou por algum risco da frágil "Hombridade" , vá se entender com a psicologia. já padres, por não viverem a real paternidade, não tem base nem autoridade para pronunciarem-se sobre o tema.
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