sábado, 18 de junho de 2011

Faturas - 18/06/2011


A luta contra a homofobia está longe de ser uma causa unânime. Ainda enfrentamos a resistência de setores que consideram natural as manifestações discriminatórias contra os homossexuais e que acham que não merecemos proteção legal pela violência a que estamos sujeitos.

Existem setores que consideram a homofobia uma mera manifestação da violência urbana o que não exige nenhuma legislação especial.

Exatamente os setores que nos condenam e negam nossos direitos: os que defendem a extinção da homossexualidade e promovem a condenação dos homossexuais. Setores formados por pessoas que discriminam, julgam, condenam, legitimam e abençoam a violência homofóbica... Mas votam, consomem e opinam, o que reduz significativamente as possibilidades de apoio efetivo à nossa luta.

Assim, o poder público tem tido papel fundamental e solitário no financiamento de ações de promoção e defesa dos direitos dos gays. Não fossem os editais que financiam projetos voltados para o combate à homofobia, garantia de direitos e redução das vulnerabilidades dessa população, o movimento LGBT brasileiro não conseguiria executar seu trabalho. A pouca visibilidade positiva e a baixa capacidade de conversão da simpatia à causa gay em votos ou dinheiro não reduzem a nossa fragilidade e importância na construção da diversidade que caracteriza o povo brasileiro.

O apoio político, porém, tem seu preço. Além de bons relatórios e indicadores positivos, as moedas desse jogo muitas vezes incluem o silencio, a suavização de críticas e o controle de liderados. Ao misturar no mesmo saco as bandeiras da nossa causa e interesses partidários, o movimento LGBT arrisca perder o foco e até diminuir ou repudiar avanços protagonizados por partidos adversários.

Por outro lado, se consideramos a importância de ampliarmos nossa participação política, como estratégia de garantia de direitos, não temos como escapar dos partidos. Ninguém concorre ou se elege no Brasil sem filiação partidária.

Nossas bandeiras, portanto, precisam ser incorporadas, como tem sido por algumas siglas mais progressistas. É necessário um real investimento na formação política da população LGBT e na ampliação da nossa capacidade de converter mobilização em voto. É fundamental que os políticos que distribuem tapinhas nas nossas costas em épocas de eleição, honrem seus compromissos com a diversidade e com os fundamentos de seus partidos, assim como cobram fidelidade nas faturas que chegam ao movimento LGBT.

Camisinha sempre!

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