O governo de Minas Gerais está cada vez mais distante dos
movimentos sociais. Enquanto outros Estados se adaptam aos novos contornos da
administração pública, que inclui o controle social autônomo e efetivo como
parte fundamental da construção de políticas públicas, assim como considera sua
participação no momento do voto, nosso Estado mantém-se à distância, com
dirigentes soberbos e alheios à necessidade de respostas às demandas da
sociedade.
Por aqui, depois de eleitos
ou nomeados, faz-se o que bem se quer, ignora-se as necessidades e os anseios
da população e promove-se uma administração completamente alienada da realidade
social. O governo se veste com a capa da autoridade e desconsidera projetos,
programas, compromissos. Vivemos ainda num sistema em que o papel dos gestores
públicos se resume à administração das relações com o governo federal e à
transferência de responsabilidades aos municípios, desde que amarrem
compromissos e comprometam votos nas próximas eleições.
Com o movimento LGBT, a
situação é vergonhosa, e o abismo que separa o governo e os homossexuais é, em
última instância, responsável pelo recrudescimento escandaloso dos índices de
assassinatos por homofobia e a destruição de uma rede compartilhada da qual se
esperava resultados efetivos, onde a sociedade civil cumpriria o papel de estar
onde o Estado não alcança.
O que vemos hoje é a
situação inversa. A recém-criada Coordenadoria Especial de Políticas da
Diversidade Sexual da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, órgão
subordinado à Subsecretaria de Direitos Humanos que tem, entre suas
atribuições, o "apoio às ações e projetos da sociedade civil", o
"desenvolvimento de projetos especiais voltados para a redução da
vulnerabilidade social e da promoção humana", "a promoção da formação
de redes sociais e a realização de conferências relativas às políticas públicas
no âmbito da sua competência", não poderá cumpri-las sem que haja uma
participação ativa e uma interlocução efetiva com os movimentos sociais.
Nos últimos anos, os homossexuais
mineiros têm se deparado, cada vez mais, com barreiras intransponíveis ao
tentarem compartilhar a construção de uma política pública que busque a
emancipação da população LGBT no Estado. A manutenção desse distanciamento
crônico reforça a comodidade dos que cozinharam em banho-maria durante os
últimos anos um Centro de Referência LGBT ineficiente e sem nenhuma expressão e
confirma uma lamentável e equivocada estratégia de se ignorar a triste
realidade dessa camada da população mineira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por deixar seu comentario.