domingo, 1 de maio de 2011

Distância - 30/04/2011



O governo de Minas Gerais está cada vez mais distante dos movimentos sociais. Enquanto outros Estados se adaptam aos novos contornos da administração pública, que inclui o controle social autônomo e efetivo como parte fundamental da construção de políticas públicas, assim como considera sua participação no momento do voto, nosso Estado mantém-se à distância, com dirigentes soberbos e alheios à necessidade de respostas às demandas da sociedade.

Por aqui, depois de eleitos ou nomeados, faz-se o que bem se quer, ignora-se as necessidades e os anseios da população e promove-se uma administração completamente alienada da realidade social. O governo se veste com a capa da autoridade e desconsidera projetos, programas, compromissos. Vivemos ainda num sistema em que o papel dos gestores públicos se resume à administração das relações com o governo federal e à transferência de responsabilidades aos municípios, desde que amarrem compromissos e comprometam votos nas próximas eleições.

Com o movimento LGBT, a situação é vergonhosa, e o abismo que separa o governo e os homossexuais é, em última instância, responsável pelo recrudescimento escandaloso dos índices de assassinatos por homofobia e a destruição de uma rede compartilhada da qual se esperava resultados efetivos, onde a sociedade civil cumpriria o papel de estar onde o Estado não alcança.

O que vemos hoje é a situação inversa. A recém-criada Coordenadoria Especial de Políticas da Diversidade Sexual da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, órgão subordinado à Subsecretaria de Direitos Humanos que tem, entre suas atribuições, o "apoio às ações e projetos da sociedade civil", o "desenvolvimento de projetos especiais voltados para a redução da vulnerabilidade social e da promoção humana", "a promoção da formação de redes sociais e a realização de conferências relativas às políticas públicas no âmbito da sua competência", não poderá cumpri-las sem que haja uma participação ativa e uma interlocução efetiva com os movimentos sociais.

Nos últimos anos, os homossexuais mineiros têm se deparado, cada vez mais, com barreiras intransponíveis ao tentarem compartilhar a construção de uma política pública que busque a emancipação da população LGBT no Estado. A manutenção desse distanciamento crônico reforça a comodidade dos que cozinharam em banho-maria durante os últimos anos um Centro de Referência LGBT ineficiente e sem nenhuma expressão e confirma uma lamentável e equivocada estratégia de se ignorar a triste realidade dessa camada da população mineira.


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