sábado, 16 de abril de 2011

Conselho - 16/04/2011



A luta contra o preconceito aos homossexuais não é exclusiva dos LGBT, mas de todos aqueles que vislumbram um mundo mais justo, onde as diferenças sejam respeitadas, sejam elas quais forem. Nessa linha, nada mais natural que um defensor dos direitos humanos empunhando as bandeiras do movimento gay, independentemente de sua orientação sexual. Não são poucos os simpatizantes heterossexuais tão íntimos de nossas lutas e tão indignados com as situações de homofobia quanto nós mesmos.

Entretanto, a garantia e a valorização do protagonismo de qualquer comunidade em sua luta devem fazer parte do repertório de defesa de direitos de todos aqueles que se colocam ao lado de um grupo, seja por solidariedade ou pelo motivo que for. É importante que no futuro possamos prestar homenagens aos nossos heróis e que reconheçamos no nosso grupo a capacidade de produzi-los.

Durante esta semana, o debate sobre esse tema esteve em pauta, especificamente na composição do recém-criado Conselho Nacional LGBT, órgão de controle social ligado à Secretaria de Direitos Humanos, composto por representantes governamentais e da sociedade civil. Pelo estatuto do Conselho, a primeira presidência deve ser ocupada por um representante do governo, exatamente para facilitar esses delicados primeiros momentos de implantação do órgão.

A saia-justa surgiu na constatação de que Ramais de Castro Silveira, o presidente indicado pelo governo, não era homossexual, ou pelo menos não trouxe à baila sua orientação sexual. As opiniões se dividiram entre os que consideraram esse detalhe pouco importante e aqueles que definitivamente se indignaram e sugeriram que o governo voltasse atrás e buscasse, em seus quadros, algum LGBT para ocupar a direção do Conselho.

É a primeira vez que esse tipo de situação acontece, em todos os conselhos ligados ao governo federal. Analisando a situação dos outros, entendemos o quão absurdo seria imaginar um homem presidindo o conselho das mulheres, ou um branco presidindo o dos negros. Aos olhos dos próprios representantes das associações que compõem o Conselho LGBT, isso não pareceu tão absurdo assim, e o nome indicado pelo governo recebeu aprovação unânime.


Distante do debate, o presidente indicado se apropriou rapidamente do discurso LGBT, demonstrou competência na sua estreia no cargo e recebeu elogios em Belo Horizonte, em recente audiência pública que discutiu os assassinatos das travestis mineiras. Ramais defendeu a criminalização da homofobia como uma forma de reduzir as práticas homofóbicas e ações preventivas que envolvam a educação e consolidem a promoção dos direitos humanos.









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