Brasil. 19h. Crianças em casa, banho tomado, janta na mesa e a
novela no ar. O drama é íntimo de quem vive a vida real: Thales se declara
apaixonado por Julinho. O mesmo Julinho que comoveu o Brasil inteiro ao expor a
dor da perda de seu companheiro gay no início da novela. Esse é o Brasil em que
vivemos: adultos, crianças, adolescentes, jovens e toda a população brasileira.
Esse é o Brasil que pinta até na tela da Globo, tão cotidiano e natural que não
tem jeito de se esconder.
A repressão ao amor não faz
mais sentido. Não importa qual amor: se entre um homem e uma mulher, dois
homens, duas mulheres. As relações homossexuais fazem parte do cenário que é
apresentado à nova geração, e isso não assusta (apesar dos avestruzes que
insistem em ignorar a realidade que os cerca). Dizer a uma criança que o tio
Paulo é namorado do tio Zeca já não cora ninguém.
Recentemente, por iniciativa
e pressão do movimento LGBT organizado, o Ministério da Educação se abriu à
discussão sobre a homofobia e, consequentemente, a educação de cidadãos capazes
de construir e conviver numa sociedade que respeita a diversidade. Respaldados
pela Declaração dos Direitos Humanos, pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, pelo programa Brasil sem Homofobia; a Conferência Nacional e as dezenas
de programas nos quais a comunidade LGBT conseguiu se inserir; pela pressão
norte-americana em torno do bullying e as alarmantes estatísticas de suicídios
de jovens homossexuais; pelos dados epidemiológicos que apontam a fragilidade
dos jovens gays frente à Aids e a homofobia como principal fator
vulnerabilizante dessa população; ou seja, cercado de todas as garantias que
assegurassem sua defesa no caso de uma acusação de apologia da
homossexualidade, o MEC produziu um belíssimo material que orienta as escolas
para uma educação sem homofobia.
Pronto. Foi o suficiente
para que os conservadores se apropriassem do tema, se arvorassem como
defensores das tradições e acusassem o governo e o movimento LGBT de ações que
ameaçavam a estabilidade da família brasileira.
Que tipo de cidadãos
queremos para o Brasil do futuro? Que educação ele precisa receber? Aquela que
reflita a realidade que se apresenta e questione as injustiças das tradições,
ou uma educação que perpetue os privilégios numa sociedade hierarquizada a
partir de padrões machistas e heteronormativos? Como podemos cobrar coerência
de cidadãos que convivem com diferentes raças, credos, orientações sexuais, mas
cuja educação formal se nega a debater, corrigir conceitos e orientá-los para
uma sociedade de respeito às diferenças e cultura de paz?
Camisinha sempre!
Olá, Oswaldo.
ResponderExcluirNão sei se você é quem estou pensando que é.
Estava fazendo umas pesquisas na net e me deparei com um video de viver a vida, de uma pessoa com o mesmo nome que o seu, contando como foi assumir a orientação sexual.
Achei fantástico e emocionante.
Ao fazer uma busca no google, acabei de encontrar esse blog e já no primeiro post me emocionei (acho que isto está ficando corriqueiro, rs).
Parabéns pelo blog e irei ler os outros posts.
Pelo menos esse foi suave, direto, objetivo e confortante.
Obrigado pela sua militância.
Abçs
M.