sábado, 10 de abril de 2010

Silencio - 10/04/2010




Eu era estudante universitário quando nosso país vivia sob a égide do regime de exceção. Pesavam sobre nós o autoritarismo, o AI-5 e a censura, comandada na época pelo Ministro Armando Falcão, que, em nome do governo, submetia os órgãos de imprensa a rigoroso controle prévio: criticas ao regime e denúncias que expusessem as falhas da ditadura simplesmente eram suprimidas pelas canetas dos censores do Ministério da Justiça.

Naquela época, além de dar as notícias, os jornais tinham que escapar dos cortes dos censores. “Um olho no fósforo, outro na fagulha”. As redações viviam em constante apreensão, tentando entender um jogo com regras tendenciosas e pouco claras. Muitas foram as formas de protesto utilizada pelos jornalistas: páginas em branco, receitas de bolo no lugar das notícias, anúncios de utilidade pública ou artigos inocentes preparados de última hora.

Com o fim da ditadura e da censura estatal, o controle da informação não acabou, mas mudou de roupa: o belicismo militar e a ameaça das armas de fogo deram lugar ao jogo de influências e à conjugação de interesses econômicos e políticos. A tesoura dos novos censores corta a verba publicitária ou se baliza numa troca de favores que no final define a seriedade dos veículos e, consequentemente, sua credibilidade.

Porém, a estratégia do "abafa o caso" adotada por aqueles que querem controlar a imprensa extrapola a redação dos veículos de comunicação. Ela alcança o profissional, o jornalista, suas atividades particulares e por vezes ameaça atingi-lo em sua vida pessoal. Mais uma vez, sua seriedade e senso ético definem seu grau de credibilidade.

O acesso à informação é um direito do cidadão e ferramenta essencial para o exercício do controle social. Ameaças e coações não podem voltar à cena e se colocarem acima do compromisso jornalístico com a verdade. Quando um gestor público se sente atingido por críticas, sejam da imprensa ou mesmo dos movimentos sociais, deve combatê-las com informações que as revertam em elogios. Pelo menos é isso que se espera de um governo democrático.

Camisinha sempre!


Um comentário:

  1. INFELISMENTE MEU CARO,COMO VOCE FALOU SOBRE A DITADURA E O AI-5,MAS NADA MUDOU, CONTINUAMOS VIVENDO UMA DITADURA,UMA FALTA DE RESPEITO COM OS OUTROS,MAS AGORA SAO DOS MAGISTRADOS QUE SE CONSIDERAM DEUS.

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