sábado, 5 de setembro de 2009

Camisinha, ainda! - 05/09/09



Há mais de dez anos, a participação dos gays, homens que fazem sexo com homens e travestis no universo da epidemia da Aids no Brasil se mantém em patamares bastante elevados. Desde meados da década de 1990 que significamos cerca de 40% do total de homens infectados pelo HIV. A gravidade da situação se escancara quando considerarmos que o Brasil contabiliza anualmente 35 mil novos casos da doença e que as estimativas oficiais consideram que 3,5% dos homens brasileiros sexualmente ativos fazem sexo com outros homens.

Durante muito tempo, os gays somente foram lembrados pelas políticas governamentais quando prioritários entre os "grupos de risco" para a Aids. O estigma da peste gay ainda perduraria por muitos anos, mesmo depois que heterossexuais se tornaram a maioria dos doentes. O próprio movimento gay organizado insistiu para que outros setores governamentais se envolvessem no combate à homofobia e assim aliviassem o incômodo vínculo entre a doença e homossexualidade.

Essa tentativa de "deshomossexualizar" a epidemia pode ser a responsável pelos patamares tão elevados: continuamos tão vulneráveis ao HIV como estávamos há 15 anos, demandando ações especificas que reduzam nossas fragilidades. A epidemia no Brasil ainda se concentra em grupos bastante reconhecidos - entre eles os gays, travestis e bissexuais - e com vulnerabilidades facilmente perceptíveis. Entre as mais graves, a homofobia e a transfobia, aversões que fragilizam a cidadania dessa camada da população, afastando-a dos serviços públicos de saúde, educação, Justiça e segurança pública.

Preocupados, Ministério e Secretarias Estaduais de Saúde desenvolvem programas de enfrentamento da Aids entre os gays e buscam alternativas para os métodos de prevenção que há anos vêm sendo adotados. Em busca de maior eficiência para o desgastado padrão de intervenção in loco fundado no acesso universal à camisinha e informação, vem-se incentivando uma verdadeira tempestade cerebral coletiva na busca de novas formas de intervenção junto a essa população.

Se por um lado, é fundamental que tentemos ampliar o leque de opções de prevenção oferecidas aos cidadãos, até segunda ordem o preservativo continua a ser a única forma eficiente de se evitar a infecção pelo HIV. Bem-vindas as novas tecnologias de abordagem, o aperfeiçoamento dos processos de logística; a ampliação da rede de dispensação; o conhecimento efetivo das populações onde se concentra a epidemia. Mas, nada disso pode ser dissociado do preservativo.

Portanto, até que a ciência avance e apresente novas soluções: camisinha. Sempre!


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