Amanhã é dia de Parada Gay em Belo Horizonte. Que delícia!
Primeiro, porque é um dia em que revemos amigos queridos, muitos deles distantes há anos, separados pela própria vida que nos leva a tomar caminhos distintos e que faz com que não nos encontremos com frequência. Mas ali, na Parada, estamos todos e todas juntos de novo.
Depois, em bom "homoguês", porque é o dia de botarmos nosso carão gay na rua, sem máscaras, sem sombras. Um carão identitário, imbuído de um orgulho que é mais político que vaidoso, na medida em que expõe nossas necessidades como um grupo significante de mineiros discriminados que convivem e contribuem para o progresso de nossas cidades, como qualquer cidadão, mas que não têm todos os seus direitos reconhecidos.
Além disso, a Parada é um momento único de integração da comunidade gay de Belo Horizonte com a tradicional família mineira, durante anos e anos algoz íntima dos homossexuais, responsável por tantos armários fechados ou quartinhos dos fundos, onde muitos de nós acabamos nossos dias e nos submetemos a um destino de reclusão. No dia da Parada, convidamos esses que tanto já se envergonharam de nós a compartilhar do orgulho que sentimos do nosso amor, nossos desejos e sonhos de construção de uma vida em comum com a pessoa que amamos - algo tão natural para os heterossexuais que sequer se dão conta das terríveis consequências de não se poder viver abertamente uma relação afetiva.
Ritualmente, para os que visitam Belo Horizonte nesse final de semana, é dia de acordar cedo no domingo e dar uma pinta na feira da Afonso Pena, tomar uma cerveja na barraca da Magda antes de descer para a praça da Estação, onde o grupo Cellos lidera a festa da concentração da Parada e onde começamos efetivamente nossa maratona. Ali, vamos reencontrar, de dia, os personagens da noite gay da cidade, queridas e populares drag queens, porta-vozes de nossas bandeiras e mensagens de prevenção. Ouviremos as falas políticas, que dão o tom da marcha e esclarecem o motivo de estarmos ali, cercados de alegria, amigos e reivindicações, e lembraremos o quanto ainda é difícil crescer como gay em nossa capital.
Amanhã, acima de tudo, é dia de subir a rua da Bahia com as cores do arco-íris e, com certeza, vamos nos lembrar com saudades dos pioneiros ativistas da cidade que se expuseram temerosos sob pesadas fantasias de personagens de quadrinhos na primeira Parada Gay de Belo Horizonte, puxada pelas Lésbicas de Minas, 11 anos atrás.
Então, dispa-se de todos os seus preconceitos e venha para o centro da cidade ajudar a evitar que outros cidadãos LGBTs de Belo Horizonte sejam obrigados a se esconder sob o manto da hipocrisia e da dissimulação.
Boa Parada e... camisinha sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por deixar seu comentario.