sábado, 9 de maio de 2009

Modernidade - 09/05/09



Um dos maiores desafios que enfrentamos, além do combate à homofobia, é conviver com um mundo heteronormativo que não consegue estender seus horizontes a novas e legítimas formas de relacionamento. Novos arranjos familiares são, na verdade, o produto de transformações profundas que o mundo não tem como evitar, como a valorização dos direitos humanos, entre eles o de orientar nossos desejos e afeto de acordo com a nossa realidade.

A resistência a mudanças é característica daqueles que se mantêm acomodados confortavelmente em seus defeitos. Se o mundo ainda conversa com a linguagem da violência e da dominação, deve-se aos donos do poder, aqueles que desfrutam das benesses de se manterem senhores das ideias, orientadores dos padrões e semente dos preconceitos.

Será difícil para eles aceitarem relações entre gays. Elas quebram a base da dominação machista onde "cada galinheiro tem um, e somente um galo". Imperadores de pequenas ditaduras celulares onde os machos determinam regras que perpetuam preconceitos, menos-valias e rancores. Varões que reproduzem no microcosmo sentimentos que transformam nossa sociedade em disputas mesquinhas e egoístas.

Uma relação homossexual exige solidariedade e um desprendimento conhecido entre nós como camaradagem: a preocupação com o outro, o prazer de estar ao lado e compartilhar com o outro, o respeito às virtudes e defeitos de uma pessoa que é igual e que cumpre papeis idênticos aos seus numa relação democrática, verdadeira e baseada única e exclusivamente no prazer do amor.
Cabe a nós delinearmos esse "novo" tipo de família, construir essa modernidade, onde os papéis reservados ao homem e à mulher e o padrão heteronormativo deixam de fazer sentido como norteadores das construções familiares.

Quando lutamos pelo direito ao reconhecimento de nossas uniões estáveis não significa que estamos querendo reproduzir o padrão hierárquico das relações estabelecidas nas famílias tradicionais. Quando propomos que as uniões homoafetivas recebam a mesma proteção legal das heterossexuais, não estamos transferindo para os gays os problemas oriundos desse desequilíbrio de gênero, mas apresentando um novo modelo, uma nova forma que desafia os paradigmas dos papéis do masculino e do feminino e que avança no respeito a toda esse leque de diversidade.

Camisinha sempre!

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