O conservadorismo impera nos gabinetes, plenários e corredores do
Congresso Nacional. Câmara e Senado estão dominados por uma cultura machista,
autoritária, preconceituosa e, a bem da verdade, chata.
Ali, convivem em harmonia
séculos de dominação e poder que só às custas de muita luta darão lugar ao
desconforto do novo, do moderno, apesar da adrenalina do desafio. Mudanças
provocam progresso, mas também alternância de poder e, nesse caso, as
celebridades de hoje podem, amanhã, verem-se obrigadas a uma vida de cidadãos
comuns, vítimas das leis que ali produzem e carentes dos direitos que seus
privilégios os fazem esquecer.
O Congresso está repleto de pessoas que adotam a arrogância como
código de comportamento: o não-arrogante não se impõe nesse mundo de varões
onde, vira e mexe sai pancadaria. Coisa de machos.
A hipocrisia cresce na mesma proporção que evoluem os costumes.
Cada direito que se conquista, cada reconhecimento, cada grupo que alcança sua
cidadania pode representar uma ameaça à manutenção do poder daqueles que estão
por ali, protegendo seu osso e garantindo que as regras não mudem e nem a zona
de conforto que se encontram: dinheiro fácil, trabalho pouco, fama e poder.
Mas a evolução independe deles. Costumes mudam, grupos se
organizam, a sociedade impõe suas necessidades e o puritanismo se torna
ridículo. Eles precisam fazer do pensamento conservador, o dominante. E que os
eleitores se conveçam de que tudo deve permanecer como está. Mas, não
conseguem. Um costume só muda quando a maioria da população adota nova maneira
de agir, de dar valor. Essa maioria inclui os próprios conservadores, mesmo
contra os ditames de seus líderes.
Em recente pesquisa realizada pelo DataSenado, ficou comprovado
que 70% dos 1.122 entrevistados aprovam a criminalização da homofobia, proposta
pelo PLC 122/06, tramitando no Senado. Ao contrário dos discursos aguerridos
que ouvimos na TV, Congresso e nos templos, 55% dos evangélicos e mais de 70%
de outras religiões estão a favor do projeto.
Em nome de quem, senão de si próprios, estão falando os
fundamentalistas religiosos que inundam nossas casas legislativas? Não existe a
tão falada unidade de pensamento entre os evangélicos e seus companheiros de
crença. É preciso considerar isso nas próximas eleições.
Camisinha sempre!