Quando a
Lei Municipal 9.791 foi aprovada na
Câmara de Juiz de Fora, em maio de 2000, a notícia ganhou o mundo. Pela
primeira vez uma legislação que punia atos de discriminação contra os
homossexuais explicitava a permissão de troca de afeto entre pessoas do mesmo
sexo em locais públicos. A imprensa, interessada em alardear o fato e fazer
disso um escândalo, anunciou: "Liberou geral!". E os conservadores,
orientados pelo pensamento popular fácil e impactante, espalhavam que a partir
daquele dia os gays estariam fazendo sexo nas mesas dos restaurantes da cidade.
Uma senhora chegou a escrever para os
jornais dizendo sentir-se envergonhada de sua terra natal, quando, em suas
viagens, ouvia referências a Juiz de Fora como "cidade de veados".
Bem, até eu, que sou gay, não gostaria de ver minha cidade sendo tratada de forma
tão pejorativa. Mas, o tempo viria a negar o rótulo preconceituoso. Ela se
tornou conhecida como uma cidade de vanguarda, pioneira na garantia de respeito
aos cidadãos, inclusive os homossexuais. Sempre nos orgulhamos quando ouvíamos
nossas conquistas ligadas à forma como a cidade se tornara conhecida e o quanto
as pessoas se referiam a isso com admiração.
Castigo. Hoje,
estamos assistindo Juiz de Fora ser manchete dos jornais de todo o Brasil de
outra forma: a cidade onde o prefeito garanhão rouba, aceita propinas, se deixa
filmar recebendo sacos de dinheiro e combinando dividir comissões com outros
tão desonestos quanto ele. O homem escolhido pelo voto dos cidadãos da
Manchester Mineira não se preocupou sequer um instante conosco, que moramos
aqui, com a nossa qualidade de vida. Castigou seu eleitorado, privou a cidade
de benfeitorias esbanjando o fruto da sua desonestidade em benefício próprio,
ostensivamente, afrontosamente. O heterossexual Alberto Bejani envergonha Juiz
de Fora no Brasil inteiro.
Ironicamente, foi sua a voz mais contundente contra a nossa Lei Rosa.
Esse mesmo político esteve à frente de todo o movimento que tentou revogá-la
com o argumento de que ela envergonhava nossa cidade. Derrotado no embate
político, viu-se obrigado a engolir a legalidade dos casais de namorados
passeando livremente pela cidade, desfrutando o direito garantido a todos, em
igualdade de condições, independente de sua orientação sexual. Curvou-se à
constatação de que a Lei Rosa se tornara um dos motivos de projeção positiva da
cidade em todo o país e isso, ao contrário, sempre foi motivo de aplausos.
Agora, infelizmente, temos motivos concretos para nos envergonhar de
alguma coisa em Juiz de Fora.
Camisinha sempre!
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