sábado, 21 de junho de 2008

Vergonha! – 21/06/2008




Quando a Lei Municipal 9.791 foi aprovada na Câmara de Juiz de Fora, em maio de 2000, a notícia ganhou o mundo. Pela primeira vez uma legislação que punia atos de discriminação contra os homossexuais explicitava a permissão de troca de afeto entre pessoas do mesmo sexo em locais públicos. A imprensa, interessada em alardear o fato e fazer disso um escândalo, anunciou: "Liberou geral!". E os conservadores, orientados pelo pensamento popular fácil e impactante, espalhavam que a partir daquele dia os gays estariam fazendo sexo nas mesas dos restaurantes da cidade.

Uma senhora chegou a escrever para os jornais dizendo sentir-se envergonhada de sua terra natal, quando, em suas viagens, ouvia referências a Juiz de Fora como "cidade de veados". Bem, até eu, que sou gay, não gostaria de ver minha cidade sendo tratada de forma tão pejorativa. Mas, o tempo viria a negar o rótulo preconceituoso. Ela se tornou conhecida como uma cidade de vanguarda, pioneira na garantia de respeito aos cidadãos, inclusive os homossexuais. Sempre nos orgulhamos quando ouvíamos nossas conquistas ligadas à forma como a cidade se tornara conhecida e o quanto as pessoas se referiam a isso com admiração.

Castigo. Hoje, estamos assistindo Juiz de Fora ser manchete dos jornais de todo o Brasil de outra forma: a cidade onde o prefeito garanhão rouba, aceita propinas, se deixa filmar recebendo sacos de dinheiro e combinando dividir comissões com outros tão desonestos quanto ele. O homem escolhido pelo voto dos cidadãos da Manchester Mineira não se preocupou sequer um instante conosco, que moramos aqui, com a nossa qualidade de vida. Castigou seu eleitorado, privou a cidade de benfeitorias esbanjando o fruto da sua desonestidade em benefício próprio, ostensivamente, afrontosamente. O heterossexual Alberto Bejani envergonha Juiz de Fora no Brasil inteiro.

Ironicamente, foi sua a voz mais contundente contra a nossa Lei Rosa. Esse mesmo político esteve à frente de todo o movimento que tentou revogá-la com o argumento de que ela envergonhava nossa cidade. Derrotado no embate político, viu-se obrigado a engolir a legalidade dos casais de namorados passeando livremente pela cidade, desfrutando o direito garantido a todos, em igualdade de condições, independente de sua orientação sexual. Curvou-se à constatação de que a Lei Rosa se tornara um dos motivos de projeção positiva da cidade em todo o país e isso, ao contrário, sempre foi motivo de aplausos.

Agora, infelizmente, temos motivos concretos para nos envergonhar de alguma coisa em Juiz de Fora.


Camisinha sempre!

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