sábado, 5 de janeiro de 2008

2008 promete – 05/01/2008


O início do ano sempre nos leva a reavaliar nossas promessas. Em 2007, prometi me livrar de comportamentos que me incomodam, de amarras que me prendem e repeti exatamente estes gestos e atitudes nos primeiros minutos do ano.

O ano novo não passa de um marco coletivo: todo mundo escolhe aquela meia-noite para o começo da mudança. A partir daquele instante, milhares de pessoas começam a se esforçar para atingir seus objetivos. Importantes objetivos, já que os pequenos a gente se compromete todo dia. Toda segunda-feira é dia de começar o regime, assim como toda sexta é dia de quebrá-lo. Todo domingo de manhã é dia de parar de beber definitivamente, assim como toda sexta à noite é dia de se esquecer do domingo. Cada cigarro que se apaga no cinzeiro é o último; cada cigarro que se ascende também.

Mas, na virada do 31 de dezembro para 1º de janeiro as promessas tomam um caráter mais sério. E, por algumas horas – quando não alguns minutos – nos sentimos fortes o suficiente para desafiarmos, mais uma vez, nossos defeitos e vícios. Alguns poucos e valorosos, cumprem na totalidade seus projetos para o ano novo. Quem não consegue, se submete a um doloroso processo de auto-flagelação que se repete o ano inteiro: sentimo-nos fracassados, frágeis diante de nós mesmos, incapazes de cumprirmos pequenos compromissos, gigantescos diante da nossa dificuldade de promover mudanças.

Algumas promessas, entretanto, não são nossas. Na verdade, o ano de 2008 promete. Promete, por exemplo, bons momentos de ativismo: teremos conferências estaduais LGBT culminando com a primeira Conferência Nacional, em Brasília, voltada para a construção de políticas públicas que promovam a emancipação da nossa comunidade. Além disso, promete a continuidade da batalha pela aprovação da criminalização da homofobia no Senado e o acirramento do confronto com os religiosos fundamentalistas.

Em 2008, teremos ainda mais cidades realizando suas Paradas do Orgulho Gay. Paradas que se preparam para diminuir o volume dos alto-falantes e aumentar os gritos de palavras de ordem, os apitos e as reivindicações. 2008 promete um movimento gay mais militante, disposto a abrir mão da festa e ir para as ruas lutar por direitos.

É fundamental que estejamos unidos também fora das baladas e que façamos valer nossa voz nas urnas: esse é ano de eleições municipais. Ano de avaliação, tomada de posição. É preciso se incluir o recorte LGBT na pauta dessa eleição, negociar comprometimentos e pensar seriamente em nos fazermos representar por nós mesmos. 2008 é o ano de elegermos candidatos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais comprometidos com a nossa luta.

2008 promete também na saúde. Novos medicamentos surgem para facilitar a vida das pessoas vivendo com o HIV, mas a garantia do acesso universal e gratuito continua consumindo 70% de todos os recursos do Programa Nacional de DST-Aids. Os mesmos senadores que votaram contra a aprovação da CPMF assistem impávidos, a conta ser entregue à população, que é quem, no final, vai pagar o aumento do IOF, se quisermos que sejam garantidos os serviços do SUS.

Logo depois do carnaval, o ministro da Saúde deve lançar oficialmente o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre Gays, homens que fazem sexo com homens e Travestis, já acertado entre as instâncias federal, estaduais e municipais. Somado às pesquisas de linha de base que estarão sendo financiadas pelo governo, os gays deverão chegar ao final do ano com mais informações e ações efetivas que alterem nossa participação no quadro epidemiológico da Aids no Brasil.

Está prevista a aquisição de 1,2 bilhões de preservativos no orçamento de 2008, o que vai possibilitar a continuidade do trabalho de prevenção que é feito pelos postos de saúde e pelas ONG que trabalham com Aids e permitir que eu continue a lembrá-los semanalmente:

Camisinha sempre!

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