sábado, 2 de junho de 2007

Casais Gays – 02/06/2007


Existe uma entidade que começa a se fazer cada vez mais presente e visível em nossa sociedade: os casais gays. Pessoas que derrubam definitivamente o estereótipo de que homossexuais são incapazes de estabelecer uma relação estável duradoura.
Por vezes me percebo refém da própria palavra homossexual, que reduz as relações entre nós a uma simples questão de sexo, deixando de lado todo um conjunto de sentimentos que compõe o emocional de uma pessoa, principalmente o amor. Homossexuais não pensam ou fazem sexo o tempo todo e somos capazes de dedicar parte do nosso tempo a estabelecer relações afetivas com outros, sejam elas de amizade, de amor, de desejo ou de construção de uma família.
Assim, não é raro encontrar casais de gays ou lésbicas vivendo juntos há anos, construindo uma vida a dois, enfrentando todos os problemas e desfrutando todas as delícias que fazem a vida de um lar. Um lar tão igual e tão diferente, o que dá o tom da diversidade e nos faz lembrar o quão interessante pode ser o mundo.
A invisibilidade dessas famílias, o seu não reconhecimento legal, tem lhes causado os mais diversos problemas. Tanto no convívio com uma sociedade que desconsidera a existência desse tipo de relação e estabelece normas exclusivamente baseadas em casais heterossexuais; quanto na falta de um dos pares, quando se envolve questões de herança e partilha, muitas vezes com finais trágicos e disputas judiciais infindáveis.
No dia a dia, casais homossexuais enfrentam obstáculos que aos olhos dos casais convencionais parecem banais, como freqüentar um clube de lazer, por exemplo: para um casal gay não existe a possibilidade de colocar o parceiro como seu dependente o que os obriga a adquirirem duas cotas. Ou a dificuldade de se colocar o companheiro como dependente no plano de saúde do outro. Ou contratar um quarto com cama de casal num hotel. Ou acompanhar seu companheiro num caso de internação hospitalar ou autorizar procedimentos cirúrgicos que envolvam risco, situação tão freqüente entre nós.
Casais homossexuais não podem adotar filhos, apesar de tantas crianças precisando de uma família. Somente nos Estados Unidos, existem entre 1 e 9 milhões de crianças sendo criadas por casais em que pelo menos um deles é homossexual. Estudos da Academia Americana de Pediatria indicam que crianças criadas numa família homossexual possuem maior capacidade de adaptar-se ao novo, maior flexibilidade, criatividade. A ausência de um elemento do outro sexo em casa não difere da situação vivida por pais viúvos ou separados: crianças não se tornarão adultos piores por serem criadas por dois homens ou duas mulheres. Da mesma forma, não existe uma relação entre a orientação sexual dos pais e a dos filhos. Filhos de pais heterossexuais podem ser homossexuais ou vice-versa.
Além disso, estes estudos mostram que crianças educadas por casais do mesmo sexo não correm risco de se tornarem confusas sobre sua sexualidade; pais homossexuais tendem a ser mais exigentes que pais heterossexuais, no que tange a disciplina e estão mais ativamente envolvidos com a vida de seus filhos. Este mesmo estudo revela que, entre 300 crianças criadas por mães lésbicas, nenhuma mostrou qualquer sinal de confusão sobre sua identidade de gênero e indica ainda que quanto mais cedo a criança souber da homossexualidade de seus pais ou mães, mais fácil será se ajustar à convivência com essa diferença.
Casais homossexuais precisam ser reconhecidos também no sistema de saúde. Suas práticas sexuais são desconsideradas nos ginecologistas ou urologistas e o despreparo para o nosso atendimento tem criado situações constrangedoras nas unidades de saúde.
Finalmente, assim como entre os casais heterossexuais, o que se passa entre quatro paredes não diz respeito a ninguém. Entender isso é condição para que as relações estabelecidas com estes casais sejam fundadas no respeito mútuo, com limites claros entre o que é público e o que é privado.
Camisinha sempre!

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