De certa forma, começamos a questionar nossa existência - e a possibilidade de eliminá-la, quando percebemos que nascemos diferentes da norma predominante. Quando constatamos nosso interesse pelos meninos e não pelas meninas, somos condenados e passamos a cumprir a penitência imposta pela nossa homossexualidade. Imediatamente, consideramos a possibilidade de por fim a esse sofrimento. A grande maioria dos LGBT já considerou a possibilidade de se matar como solução aos problemas e às dores geradas pela homofobia.
Por que eu nasci assim? Por que sou diferente dos meus colegas? Por que eu não consigo ter os mesmos desejos que eles? Eles zombam de mim por quê? O que eu fiz de errado para ser castigado com essa sina que tanto me expõe, incomoda e entristece? Por que eu não acabo de uma vez com isso? Por que eu não me mato? Essas perguntas povoaram as mentes de muitos de nós durante grande parte de nossa infância e adolescência.
Mantemos-nos vivos por coragem - ou covardia. Coragem de enfrentarmos a homofobia; covardia diante da decisão irreversível de por fim à luta contra a exposição e o deboche de nossas diferenças. E a cada dia em que nos mantemos vivos, a cada batalha que enfrentamos e sobrevivemos, acumulamos méritos que só fazem sentido para nós mesmos. Vivos, somos aqueles que chegaram até aqui e enfrentaram barreiras diante das quais muitos valentões fraquejariam.
Somos os sobreviventes de nós mesmos. Fomos obrigados a vencer nossas próprias artimanhas, enquanto o inimigo jogava sujo e nos internalizava a homofobia, corroendo-nos por dentro e nos levando a odiar aquilo que somos e que não podíamos ser.
Em abril de 2011, a Universidade de Columbia publicou um estudo que revela preocupantes estatísticas sobre suicídios entre jovens. A pesquisa, que entrevistou 32 mil jovens do Oregon, mostra que lésbicas, gays e bissexuais adolescentes têm até cinco vezes mais chances de se matarem do que seus colegas heterossexuais. Outro estudo, conduzido pela Universidade do Estado da Califórnia, mostrou que jovens rejeitados por sua família por serem LGBT têm 8,4 vezes mais chances de tentarem suicídio. Os motivos mais comuns que os levam a esse extremo são a consciência de sua atração homossexual, a rejeição de sua orientação sexual para familiares e amigos, ou o abuso verbal, maus-tratos e violência física em decorrência da homofobia.
Camisinha sempre