sábado, 21 de janeiro de 2012

Estupro - 21/1/2012



Um cidadão gay entra na padaria. É abordado por uma mulher, que lhe pede ajuda para carregar suas compras até o carro. O gay não se furta à gentileza. Ali, é surpreendido por três homens, que o obrigam a entrar, levam-no para um lote, o humilham, machucam, estupram e extravasam suas taras mais perversas. Satisfazem seus prazeres enquanto a mulher fotografa a cena, documentando ao vivo os detalhes da violência sexual. Três homens e uma mulher contra um jovem de 19 anos, castigado por ser homossexual.

O que está por trás desse caso? Que maldito ritual é esse a que o rapaz foi submetido? Qual a intenção dessas fotos? A que servirão? Quem são esses bandidos e por que arquitetaram um plano para violentar o jovem cabeleireiro gay?

Enquanto isso, circulam pela internet vídeos com rituais neopentecostais, nos quais pastores deturpam aos brados nossas intenções, negam nossos direitos e legitimam o fanatismo dos que se propõem a fazer valer a justiça divina com suas próprias mãos. Debocham, fazem graça com nosso comportamento, são irônicos e provocam o desrespeito contra nós.

Afinal, querem que nos rendamos à sua visão de mundo? Que nos comportemos como se comportariam ou acham que deveríamos nos comportar? Que abramos mão de nossas escolhas, nossos direitos e nossas concepções de vida e adotemos as suas? Ou só querem se sentir vitoriosos?

Não existe diferença entre o prazer que almejam padres e pastores quando abrem guerra contra os gays e sonham nos ver derrotados, subjugados ao poder de suas crenças e alijados de nossa sexualidade e os quatro bandidos que violentaram o rapaz de Juiz de Fora. Ambos se julgam no direito de nos castigar pelo nosso comportamento. Os bandidos dos templos nos condenam ao fogo do inferno e nos oferecem o perdão mediante o arrependimento e a submissão. Os bandidos da vida real nos ferem, nos matam, nos querem submissos e condenados ao medo de sermos o que somos.

O fio da meada do estupro de Juiz de Fora está nos templos, no fanatismo, nos equívocos das religiões. Está nas famílias que não se conformam com seus entes gays e que usam a violência como castigo corretivo. Está na falta de uma educação formal que combata a homofobia, de uma segurança pública eficiente, ágil e imparcial. Está na falta de atividade dos órgãos de promoção e defesa dos direitos humanos, submetidos ao poder dos votos evangélicos e ao puritanismo hipócrita dos conservadores.

Camisinha sempre!

6 comentários:

  1. José Roberto Vasconcelos21 de janeiro de 2012 às 14:39

    Congratulo-me pela lucidez e objetividade.

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  2. Caso escabroso, Oswaldo. A bruxa fundamentalista está mesmo à solta, mas este é o século dos direitos homossexuais como o passado foi dos direitos das mulheres.
    Os Torquemadas que fizeram de tudo para impedir as conquistas das mulheres são os mesmos que tentam obstar os dos LGBT. Eles latiram, mas as mulheres passaram, não sem luta renhida. Nós passaremos também enquanto eles ladram. Abs

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  3. Ando me perguntando por que estamos retrocedendo tanto e quando o Brasil nos orgulhará e passará a defender os Direitos Humanos?
    Beijos,
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

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  4. Em vários fórums esse debate já rolou. Afinal todo homófobo é um gay enrustido?
    Pergunto isso, pelo detalhes deste crime, que o destaca de outros crimes semelhantes de violência contra gays.
    Por que o estupro? Tiveram os agressores prazer sexual com o ato? Extravasaram seus desejos íntimos dessa forma violenta para não se classificarem como gays?
    Já vi várias opiniões sobre o tema, e de uma certa forma ficou concenso de que o MHB não deve levantar a bandeira que todo homófobo é um gay enrustido.
    Concordo. Toda generalização, além de ser burra, pode ser perigosa, e ainda, ser usada contra nós, pois se isso fosse verdade, estariamos dando razão aos nossos opositores que acusam que são os próprios gays que matam os gays . E, ainda, também porque a homofobia pode ter várias origens. Por exemplo, será que todo evangélico é homofóbico porque supostamente seria gay? Ou ele simplesmente ele está seguindo (ainda que cegamente) os ditames de sua religião?
    Pode ser mesmo, então, que todo homofóbico não seja um gay enrustido. Mas novamente me questiono: Será, então, que todo gay enrustido é homofóbico? (E ainda, um potencial agressor?)
    Ainda não tenho resposta, mas tendo a acreditar que sim. De qualquer forma, independente de quem seja o agressor, um gay enrustido, ou um hétero fundamentalista, temos que continuar lutando, para que, TODOS sejam, exemplamente, punidos.
    Só assim poderemos dizer que vivemos em país justo e democrático.
    Max

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  5. Quando se estupra alguem, nao é sinal de mostrar que sou mais forte, pois o estuprador apenas quer gozar gozar com alguem que para ele no dia a dia nao poderia estar. A sociedade impede. As pessoas que estupram alguem do mesmo sexo, sao os gays mais tristes da terra pois estao em um local (armario) fechado por dentro e onipotente por fora. Povo de merda

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    1. Concordo com você Anonimo. Mas, também é maldade sem qualificação.

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