sábado, 22 de outubro de 2011

856 - 22/10/2011



De janeiro a setembro de 2011, o serviço telefônico Disque 100, que recebe denúncias de violação dos direitos humanos em todo o país, recebeu 856 denúncias que foram classificadas como homofóbicas: aquelas que se originam da aversão aos homossexuais. Dentre os Estados, Minas Gerais está em segundo lugar, responsável por 71 ligações. Só perde para São Paulo, com 134. São 2.432 violações aos direitos dos gays protagonizadas por quem não os reconhece como tal e defende o seu direito de violá-los: os homofóbicos.

Os homofóbicos são pessoas que se afirmam na negação dos direitos e no extermínio de todos que não sejam heterossexuais. Em geral, fazem o tipo moralista, de estopim curto, e se irritam facilmente com qualquer gay que se aproxime, seja num restaurante, no elevador ou na avenida Paulista. Negam veementemente que tenham medo de gays, mas nos veem como uma ameaça a ser temida. Consideram-nos frágeis e delicados, mas temem nossa força, nossos poderes, nossa capacidade de sedução, nossos conceitos de felicidade, individualidade e liberdade. Os homofóbicos temem a si mesmos e a nós, que levantamos poeiras e despertamos neles desejos e fantasias que temem enfrentar. O homofóbico é um falso valentão que tem medo dos gays.

Por trás das 856 denúncias de homofobia que chegaram ao Disque 100 existem histórias de tortura física e psicológica, cárcere privado, espancamentos, discriminação na escola por parte de colegas, professores e funcionários; nas igrejas e templos, por fiéis e sacerdotes; pelos colegas de trabalho e chefes; e, principalmente, na família, o núcleo que deveria acolhê-lo e orientá-lo para o respeito às diferenças.

Sem apoio, fragilizados pela violação de seus direitos, resta-lhes um número de telefone gratuito, uma voz que diz alô e se dispõe a acolhê-los. Ao recorrer a um diálogo impessoal na esperança de verem seus sofrimentos contidos e seus direitos resgatados, as 856 vítimas da homofobia revelam o grau de solidão e desamparo em que se encontravam. Sem ninguém em quem confiar, sem apoio, sem acesso, assustados, machucados, 856 brasileiros discaram 100 e pediram socorro.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pelo serviço, se mostrou sensibilizada. Durante encontro com representantes de secretarias de segurança pública de dez Estados, reunidos a seu convite em Brasília na última segunda-feira, ela propôs um termo de cooperação para o enfrentamento da homofobia.

Prevenção à violência homofóbica se faz com ferramentas que promovem mudança de comportamento: educação, informação e exemplo. Está na hora de usá-las.

Camisinha sempre!

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